quarta-feira, 6 de agosto de 2025

ACORDO UE-MERCOSUL PARA OS VINHOS

Com o consumo global de vinho em declínio e as tensões comerciais se agravando, a indústria vinícola da União Europeia está pressionando Bruxelas para que tome medidas resolutivas. O acordo UE-Mercosul, há muito tempo parado, pode ser uma tábua de salvação para os produtores que buscam um crescimento estável das exportações para a América Latina.

O Comité Européen des Entreprises Vins (CEEV), o órgão central que representa os produtores de vinho europeus, lançou um forte apelo à ação: a Comissão Europeia deve adotar e ratificar imediatamente o acordo comercial UE-Mercosul. Em discurso proferido em Bruxelas no dia 25 de junho, a presidente do CEEV, Marzia Varvaglione, definiu o acordo como essencial em uma época de declínio estrutural do consumo e riscos geopolíticos crescentes. “A tarifa brasileira de 27% é um grande obstáculo para a competitividade das nossas empresas”, afirmou o secretário-geral da CEEV, Ignacio Sánchez Recarte. O acordo promete eliminar essas barreiras, facilitar os procedimentos de importação e, acima de tudo, proteger as Indicações Geográficas (IG) da UE num mercado muitas vezes negligenciado pelos viticultores europeus. Considerando que, em 2024, as exportações de vinho da UE para o Brasil representaram pouco mais de 206 milhões de euros, apenas 1% do total das exportações de vinho do bloco, o potencial de crescimento é evidente. “Não podemos perder esta oportunidade”, acrescentou Recarte.

Apesar de sua vasta população e do crescimento da classe média, o Brasil continua sendo um mercado pouco explorado pelos exportadores de vinho europeus. Isso não se deve à falta de demanda, mas às tarifas punitivas e às formalidades de importação onerosas que tornam nossos vinhos pouco competitivos em relação aos produtores do Novo Mundo, especialmente Argentina e Chile. O acordo do Mercosul nivelaria o campo de jogo. Ele propõe não apenas uma redução das tarifas, mas também um quadro moderno que alinha as práticas enológicas e salvaguarda o complexo e culturalmente significativo sistema de IG da UE, um elemento fundamental da identidade vinícola europeia.

 Vale lembrar que o Brasil já é um mercado consumidor promissor para o vinho, com um interesse interno crescente por rótulos importados e de qualidade. 

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