segunda-feira, 28 de outubro de 2019

NOVO ESTUDO SOBRE OS EFEITOS BENÉFICOS DO CONSUMO DO VINHO TINTO

Foi publicada no 28 de Agosto passado na revista Gastroenterology um novo estudo do King's College de Londres onde se identifica um vinculo muito estreito entre o consumo de vinho tinto e o aumento da diversidade microbiótica intestinal, além da correlação entre o consumo de vinho tinto e níveis menores de obesidade e colesterol.
Os pesquisadores do departamento de epidemiologia genética e pesquisa de gêmeos do College conduziram um estudo analisando os efeitos da cerveja, cidra, vinhos tinto, vinho branco e super alcoólicos  sobre o microbióma intestinal (GM) e respectiva saúde de 916 gêmeas da Inglaterra. A pesquisa revelou que o GM das consumidoras de vinho tinto era mais diversificado em comparação a quem consumia outros tipos de bebidas alcoólicas.
A coleta de micro organismos em um ambiente, conhecido como microbióma, desenvolve um papel muito importante para a saúde das pessoas e quanto mais se apresente diversidade microbiótica no intestino maiores são os efeitos benéficos sobre a saúde. Resultados parecidos foram obtidos, também, em 3 outras pesquisas similares na Inglaterra, EUA e Holanda, levando em consideração fatores como idade, peso, dieta regular e o estado sócio econômico dos participantes.
O principal motivo da associação "vinho tinto-intestino" é a presença dos numerosos polifenóis do vinho tinto que possuem propriedades benéficas (principalmente antioxidantes) e funcionam como carburante para os micróbios presentes no intestino.
A primeira autora do estudo, Caroline Le Roy,comentou: "beber vinho tinto, mesmo que raramente, uma ou duas vezes por semana, parece ser suficiente para observar algum efeito. Se precisa optar, hoje, por uma bebida alcoólica esta é a que deve ser escolhida pois parece exercer um efeito benéfico sobre você e teus micróbios intestinais, que podem até te ajudar a diminuir o peso corpóreo e o risco de doenças cardiovasculares. Se aconselha, de qualquer jeito, de consumir bebidas alcoólicas com moderação"

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

terça-feira, 8 de outubro de 2019

BOLGHERI - O SUCESSO DE UM VINHO DA TOSCANA SEM O SANGIOVESE

Hoje em dia Bolgheri é um dos nomes mais conhecidos no universo vinícola internacional, principalmente vinculado ao famosíssimo vinho Sassicaia, porém muito poucos sabem da efetiva história da região ou do fato que Bolgheri só começou a ficar famosa a partir do meado dos anos 70.
Primeiramente: onde está localizada Bolgheri? É una pequena aldeia na comuna de Castagneto Carducci, na Maremma livornese, que fica a 42 Km de Livorno e a 57 de Pisa, ao lado da costa da Toscana. A que deve o seu nome? Aos Búlgaros, antigo povo aliados dos Longobardos, que naquela região tinham instalado um assentamento militar para defender os territórios Longobardos de possíveis invasões marítimas das tropas bizantinas que vinham da Sardegna.
Obviamente Bolgheri é estreitamente relacionado ao universo vinícola e este relacionamento, além de relativamente recente, deve-se a família Incisa della Rocchetta, especialmente a Mario, que foi o primeiro a entender que o terreno da região, composto principalmente de argila, calcar e cascalho de origem aluvial, era muito parecido aos terroirs franceses de Graves e de Haut-Médoc e deste jeito decidiu plantar na área mudas de Cabernet Sauvignon. Era 1944, e o que para muitos parecia uma heresia virou, a partir de 1968, quando começou a vinificação do primeiro vinho baseado em corte bordalês no lugar do Sangiovese, o princípio da descoberta do maior fenômeno enológico e de marketing de todos os tempos.
Tudo acontece em 1978 durante uma degustação as cegas de vinhos Cabernet organizada pela revista Decanter onde um vinho de mesa praticamente desconhecido, produzido na Tenuta San Guido, em Bolgheri, da safra 1972, chamado Sassicaia, ganha o primeiro lugar deixando para trás muitos Bordeaux considerados tops: o vinho já era produzido a alguns anos na Tenuta San Guido, mas somente para consumo próprio e só começou a ser comercializado a partir da safra 1968. O pulo do gato em termos qualitativos se deu quando o famoso enólogo Giacomo Tachis colabora com Mario Incisa della Rocchetta (começo dos anos 70) para produzir um vinho mais autentico a partir de uvas que não eram contempladas nos disciplinares de produção com novas técnicas de vinificação, como a utilização das barricas no lugar dos barris de grande dimensões.
O sucesso do Sassicaia (no dialeto toscano quer dizer pedregulhos ou cascalhos) que ainda era um vinho de mesa, atrai para a região muitos outros produtores como os Antinori que em terrenos limítrofes na Tenuta Ornellaia plantam as mesma castas internacionais Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc,  Petiti Verdot e Syrah produzindo o vinho homônimo, e no terrenos mais argilosos da Tenuta plantam o Merlot que da vida ao famosismo Masseto. 
Bolgheri vira a casa dos "Supertuscans" que apesar de serem reconhecidos internacionalmente pela qualidade de seus vinhos são classificados como vinhos de mesa ou IGT Toscana até que em 1994 o Governo italiano se rende a fama e qualidade destes vinhos únicos e cria uma DOC "ad hoc" a Bolgheri para normatizar a produção e vinificação de vinhos da região obtidos com castas internacionais onde o Sangiovese aparece marginalmente no blend final.
Hoje a DOC Bolgheri inclui uma vasta gama de vinhos tintos, rosados e brancos obtidos com uvas internacionais e uvas italianas, conforme especificações a seguir:

BOLGHERI (branco)
Vermentino até 70%
Sauvignon até 40%
Trebbiano Toscano até 40%
Podem concorre outras uvas castas brancas idôneas na região Toscana até 30% 

BOLGHERI VERMENTINO:
Vermentino até 85%
Podem concorrer outras uvas castas idôneas na região Toscana até 15%

BOLGHERI SAUVIGNON:
Sauvignon até 85%
Podem concorrer outras uvas castas idôneas na região Toscana até 15%

BOLGHERI (rosso, rosso superiore e rosato):
Cabernet Sauvignon até 100%
Merlot até 100%
Cabernet Franc até 100%
Syrah até 50%
Sangiovese até 50%
Podem concorrer outras uvas castas tintas idôneas na região Toscana até 30%

O Bolgheri tinto não pode ser comercializado antes do 1 de Setembro do ano sucessivo a vindima e o Bolgheri Superiore deve afinar 2 anos cuja 1, pelo menos, em barris de carvalho.
Os vinhos tintos tem cor vermelha rubi intenso, quase intransponível, que se prestam muito bem à guarda. Os perfumes são caracterizados por frutas vermelhas doces, com notas balsâmicas, tipicas do terroir de Bolgheri. No paladar nota-se a maciez e o equilíbrio, a doçura da fruta presente no meio da boca equilibrada pela componente ácida que doa um toque de frescor, e a força  dos taninos marcantes, mas na medida certa, completa o equilíbrio destes vinhos.
Dentro dos grandes vinhos desta DOC podemos destacar, entre os tintos, o Il Bruciato (Tenuta Guado al Tasso), na Bolgheri Sassicaia o Sassicaia, na Bolgheri Superiore o Grattamacco Rosso, o Guado al Tasso  e o Ornellaia. Já nos rosados vale destacar o Gherardo (tenuta Guado al Tasso) e entre os brancos na Bolgheri Vermentino o Camillo (Tenuta Guado al Tasso), Grattamacco bianco e o Guado al Tasso Vermentino.

sábado, 5 de outubro de 2019

SICÍLIA - INVERSÃO DE TENDÊNCIA NA PRODUÇÃO DE VINHOS

Foram publicados a poucos dias os dados de produção de 2018 dos vinhos da Sicília:


  
Os dados da tabela acima nos levam a algumas importantes considerações:

PRODUÇÃO GERAL
Apesar da produção de vinho da Sicília ter registrado uma variação positiva de 6%, passando de 4,725 milhões de hl. para quase 5 milhões, este aumento está muito longe daquele registrado a nível Itália (+24%) e alinhado a média dos últimos 10 anos.

VINHOS DE QUALIDADE
Fica claro, analisando os dados da tabela, que estamos presenciando uma inversão de tendência no tipo de vinhos produzidos na Sicília. Enquanto os vinhos DOC, ou seja os vinhos de qualidade superior, cresceram 27%, alcançando quase 1,6 milhões de hl. em 2018, representando 1/3 do volume total de vinhos produzidos, os de mesa tiveram uma flexão de 12% no último ano, e analisando a série histórica, a variação média dos últimos 10 anos foi -52%. Enquanto em 2005 os vinhos de mesa eram responsáveis pelo 71,8% de toda a produção total, em 2018 esta porcentagem caiu ao 16,8%. Os IGTs, que é a denominação mais representativa entre todos os vinhos produzidos na Sicília (51,5%) permaneceram estáveis com um aumento de 2% em 2018.

AUMENTO DOS VINHOS TINTOS
Em contraste com o que acontece em muitas outras regiões italianas e também a nível nacional, na Sicília estamos presenciando outra inversão de tendência quanto ao equilíbrio de produção entre vinhos brancos e tintos. Como evidencia a tabela abaixo em 2018 os vinhos brancos registraram uma produção de 2,8 milhões de hl., praticamente em linha com a média histórica, e com um aumento de 4% em comparação a 2017. Já os vinhos tintos cresceram no último ano 8% alcançando o volume de 2,2 milhões de hl., 6% a mais da média histórica dos últimos 10 anos. O que realmente é mais interessante neste trend dos vinhos tintos é que os que mais cresceram foram aqueles de maior qualidade, os DOC (+40%) enquanto os tintos IGTs e os de mesa tiveram, respectivamente, flexões de 4 e 9%, como mostra a tabela abaixo:


Estamos presenciando na Sicília uma verdadeira mudança no equilíbrio de produção da tipologia de vinhos, que está se atestando em uma produção de maior qualidade, graças aos esforços dos principais produtores da região que querem perder o estigma de "produtores de vinhos de corte", conquistando os mercados internacionais.

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

TOP 100 BEST BY, WINE ENTHUSIAST

Para as revistas do setor já começou a época das classificações de final de ano e a primeira publicada foi da Wine Enthusiast,  que classificou os 100 melhores vinhos do mercado americano de melhor relação preço qualidade.
A partir desta classifica parece evidente a tendência de aumento no mercado americano da utilização das embalagens  alternativas, como a lata e o bag in box, no lugar da tradicional garrafa de vidro, tanto que se o primeiro lugar é ocupado pelo  Founders' Estate Pinot Noir 2017, o segundo lugar pertence ao Dark Horse NV Brut Bubble, um espumante comercializado em lata, enquanto na top ten, exatamente no sétimo lugar, se posiciona o Chardonnay 2017 de Black Box, a marca mais conceituada nos EUA de vinho distribuído em bax in box.
Nesta classifica encontramos, também, 10 rótulos italianos que evidenciamos abaixo (entre parêntesis o lugar ocupado na classifica):

(17) Rosso Silenzio Isola dei Nuraghi de Pala;
(27) Ondarossa Organic Rosato 2018 de Masseria Amastuola;
(58) Il Bianco La Segreta Doc Sicilia de Planeta;
(75) Primitvo Orion 2017 de Masseria Li Veli;
(77) Trebbiano d'Abruzzo 2018 de Masciarelli;
(81) Lambrusco di Modena Brut Piazza Grande de Cantina di Carpi;
(84) Chianti 2017 de Tenute Folonari;
(90) Remole 2017 de Marchesi de' Frescobaldi;
(93) Pinot Grigio 2018 de Mezzocorona; e
(96) Montepulciano d'Abruzzo 2018 de Fantini