domingo, 7 de junho de 2020

MERCADO ITALIANO DO VINHO - RADIOGRAFIA

A agência inglesa Wine Intelligence, uma das mais respeitadas no mundo enológico em questão de pesquisas relativas ao vinho e seu universo, publicou a poucos dias o Report n. 1 sobre "Italy Wine Landscapes 2020", ou seja uma radiografia bem detalhada sobre o mundo do vinho na Itália em 2020.
As informações contidas são realmente muito detalhadas e abrangem vários aspectos do mundo do vinho na Itália, e para tentar simplificar este enorme fluxo de dados, resumirei os principais tópicos:
  • De 50 milhões de consumidores 34 milhões (68%) bebem vinho e pelo menos 28 milhões (56%) bebem uma taça por semana. 1 sobre 3 consumidores de vinho bebem pelo menos uma taça por dia;
  • O consumo per-capita dos vinhos "fermi" (não espumantes e não frisantes) é de 43 litros, só ficando atrás de Portugal (56,4 litros) e França (49 litros);
  • Homens e mulheres dividem de forma quase igual o mercado de consumo, já em relação a faixa etária os 42% dos consumidores tem mais de 55 anos, e o 32% está na faixa entre 18 e 44 anos.
  • Os italianos se demonstraram um povo que tem muita curiosidade pelo vinho, tanto que o 55% quer provar vinhos novos com regularidade, porcentagem que sobe para 69% para pessoas abaixo de 34 anos. 
  • O principal motivo do consumo é relativo ao prazer que ele fornece e ao sabor agradável;
  • o 78% dos consumidores escolhem consumir vinhos da melhor qualidade em relação ao próprio poder de compra e 6 sobre 10 acreditam que uma taça de vinho faça bem para saúde;
  • 1 sobre 2 consumidores acha que o vinho é um fator importante para o  próprio estilo de vida;
  • o 53% acha que os preços dos vinhos comercializados são "razoáveis";
  • as bebidas alcoólicas mais consumidas pelos italianos são o vinho tinto (89% a porcentagem de quem bebeu pelo menos uma vez no último ano). vinho branco (88%), cerveja (85%), spritz (54%), espumantes doces - como Asti Spumante - (45%);
  • Os vinhos brancos mais consumidos pelos italianos: Chardonnay, Pinot bianco, Pinot grigio, Moscato, Falanghina e Verdicchio;
  • Os vinhos tintos mais consumidos pelos italianos: Nero d'Avola, Montepulciano, Lambrusco, Merlot,Sangiovese e Primitivo;
  • As denominações mais conhecidas são o Prosecco Doc (52% é a porcentagem de quem já oviu falar da denominação), Brunello di Montalcino (51%), Montepulciano d'Abruzzo (50%), Chianti (48%), Chianti Classico (45%), Franciacorta (45%), Barolo, Barbera d'Asti e Lambrusco (40%), Asti e Moscato d'Asti (38%), seguidos por primitivo di Manduria, Amarone della Valpolicella, Vermentino di Sardegna, Conegliano Valdobbiadene Prosecco Superiore Docg, Oltrepò Pavase, Vino Nobile di Montepulciano, Bardolino, Greco di Tufo e Morellino di Scansano;
  • As marcas mais fortes na Itália, em conformidade ao "Global Wine Brand Power Index" são: Ferrari, Berlucchi, Fontanafredda, Donna Fugata, Cà del Bosco, Mionetto, Feudi di San Gregorio, Valdo, Sella e Mosca, Antinori, Zonin, Mastroberardino, Sassicaia, Duca di Salaparuta e Marchesi di Barolo;
  • no que diz respeito as compras dos últimos 3 meses quem levou a melhor foi o Prosecco Doc (comprado pelo 24% das pessoas que adquiriram vinho), na frente de Montepulciano d'Abruzzo (19%) e Lambrusco (15%);
  • Entre os principais motivos que determinam a escolha do vinho a harmonização com a comida é fator mais importante e o prestigio da denominação e da marca, depois vem o preço, a região de origem e casta, e o grau alcoólico;

quinta-feira, 4 de junho de 2020

ENOCHATOS E SUAS FRASES FAMOSAS

No mundo dos apreciadores de vinhos as vezes nos deparamos com várias definições para identificar as pessoas que estão envolvidas come este fantástico universo.
Temos os enófilos, traduzindo literalmente, os amigos do vinho, para definir as pessoas que gostam do vinho como apreciadores e se dedicam ao aprofundamento dos conceitos do mundo do vinho sem obrigatoriamente ter feito algum curso. 
Temos os enólogos, traduzindo literalmente, os estudiosos do vinho, ou seja as pessoas que depois de estudos aprofundados (na Europa são estudos universitários) se especializam nos processos relacionados a produção e conservação do vinho.
Temos ainda os sommeliers, que hoje em dia indicam as pessoas que nos restaurantes são responsáveis pela administração e serviço das bebidas alcoólicas (neste caso não podemos traduzir literalmente pois a palavra original em francês era utilizada para indicar as pessoas que conduziam os animais de carga).
Além destas temos uma palavra para indicar uma figura icônica também, que são aquelas que apesar de saber pouco ou nada de vinho, SE ACHAM.....estes são os enochatos e viraram tão "importantes" no universo do vinho que a prestigiosa revista "Wine Folly" coletou nos últimos meses as "melhores" respostas ou afirmações feitas pelos enochatos do mundo inteiro e compartilhadas pelos leitores da revista.
Compartilho com vocês algumas das melhores "pérolas" para rir juntos e quem não acha que vinho também é sinônimo de boas risadas......agora com certeza mudará de ideia:
  • "Eu sinto o aroma e agito a água da minha taça entre a degustação de um vinho e outro";
  • "É fácil perceber o aroma do 2% de Petit Verdot presente neste blend"!!!;
  • "Eu não bebo vinho algum que tenha rolha de rosca";
  • Durante uma visita a uma cantina, na área de produção, uma pessoa se queixou que o chão estava molhado;
  • Uma pessoa, depois de ter oxigenado e feito a análise olfativa de um fantástico Brunello di Montalcino 1999, tragou de uma só vez a taça inteira;
  • "Eu vi um sommelier cheirar uma tampa de rosca";
  • Uma pessoa que se dizia profundo conhecedor do Amarone por ter visitado um produtor e ter alugado por duas semanas uma casa na área de produção disse que todas as 7 garrafas que el tinha comprado de um produtor muito famoso estavam estragadas;
  • Durante uma degustação de vinhos franceses um casal se esforçava tanto de pronunciar as palavras em francês que até depois, durante a degustação de outros vinhos, mantiveram o acento francês para falar;
  • Alguém me disse que aquela safra foi caracterizada por fortes ventos pois percebeu o aroma de poeira dos bagos da uva durante a degustação!!!
  • O cheiro do socavo ajuda a limpar o nariz para uma degustação !!!!!
  • Alguém me perguntou se estava servindo um Cabernet e eu respondi que sim, um Cabernet Sauvignon. esta pessoa me respondeu "Não, eu só quero um Cabernet". Aí eu perguntei: "quer então um Cabernet Franc?". Esta pessoa me olhou como se fosse um idiota e me disse: "Cabernet: existe uma baita diferença entre Cabernet Sauvignon e cabernet sem Sauvignon e com certeza você não sabe qual é" !!!!
  • Um amigo do meu marido bebe somente Pinot Noir e não suporta Grenache. Última vez que fomos comer juntos ele pediu um Chateauneuf du Pape

terça-feira, 2 de junho de 2020

BRUNELLO DI MONTALCINO 2015 - SAFRA EXCEPCIONAL

Parece que os Deuses da enologia mais uma vez sorriram para o icônico vinho italiano Brunello di Montacino.
Entre os os vinhos mais conceituados do mundo o Brunello é aquele que mais demora para ser disponibilizado para comercialização (5 anos a partir da vindima, e 6 anos se for Reserva) e isso gera enormes expectativas seja nos produtores que nos fieis consumadores deste néctar de Baco, quando deve-se apresentar ao público uma nova safra. A investida mediática dos produtores começa desde a época da colheita com informações sobre a qualidade das uvas colhidas e a avaliação por parte do Consorcio de Tutela do Brunello que provisiona a safra em base as análises dos vinhos em afinamento...a máquina do marketing do Brunello entra em cena com toda a sua força.
Quanto a nova safra apresentada de Brunello (2015) podemos afirmar, sem sombra de dúvidas, que trata-se de uma safra realmente excepcional: aromas marcantes e excelente harmonia são as palavras chaves para esta safra. Todo ano o que determina a maior ou menor qualidade das safras em Montalcino são as condições climáticas e para esclarecer melhor este ponto em relação à 2015, foram entrevistados alguns produtores de Brunello:
LIVIO SASSETTI/PERTIMALI: Lorenzo Sassetti evidencia que 2015 foi uma estação com um crescente de condições favoráveis. Volumes de chuvas regulares com temperaturas amenas em Julho e Agosto. "Tivemos uma verão relativamente seco mas sem temperaturas exageradamente altas, com suficiente água para as plantas, permitindo uma vindima ótima";
COL D'ORCIA: Francesco Marone Cinzano fala que "O clima do mês de Setembro foi temperado, com boas excursões térmicas entre dias e noites permitindo uma vindima balanceada das uvas"
SIRO PACENTI: Giancarlo Pacenti diz "um verão quente......porém sem estresse para as plantas graças a boas reservas de água presente no solo"
IL POGGIONE: Alessandro Bindocci disse: " Começamos a vindima do Sangiovese para o nosso Brunello em 17 de Setembro. As uvas colhidas demonstraram, imediatamente, uma complexidade aromática muito intensa e uma elegância tânica e de acidez fora do comum. Estes primeiras impressões nos indicaram que a safra era, com certeza, uma das melhores" acrescentando ainda "....para 2015 a chave para fazer um grande vinho  será manter o foco na fruta e na acidez. Sempre afirmamos que a acidez é a espinha dorsal do vinho, especialmente para o Brunello, e do modo especial para safras excepcionais como esta, que devem se manter por muitos anos. Nós somos sortudos que, graças ao nossos vinhedos localizados em áreas mais elevadas, conseguimos alcançar um grau maior de frescor das uvas, independente das condições climáticas. Além do mais, graças a utilização exclusiva de "botti grandi" (barris grandes) a fruta sobressai sobre os taninos da madeira".
Então...está esperando o que para adquirir uma garrafa de Brunello do Montalcino 2015?