segunda-feira, 19 de julho de 2021

AGLIANICONE - A casta da Campania, provável mãe do Aglianico e quase esquecida

 A localização é o sul da Campania, na microrregião chamada Cilento, onde a principal cidade é Salerno. A Campania é o berço da casta Aglianico que no Sannio e na Irpinia se exprime de forma magistral doando as únicas duas denominações tintas DOCG da região, o Aglianico del Taburno e o Taurasi respectivamente. Até poucos anos atrás se pensava que o Aglianicone fosse uma sub variedade do Aglianico, e somente em 1971 se constatou que as duas uvas não eram nem parentes, apesar de ter o nome praticamente identico. Aliás recentes estudos de DNA evidenciaram que a Aglianicone tem uma identidade muito próxima ao Ciliegiolo da Toscana.

Deixando do lado o aspecto mais técnico relativo as pesquisas genéticas para identificar com certeza se o Aglianicone é, ou não, a mãe do tão conhecido Aglianico, o que interessa mais é falar sobre as diferenças entre esta casta, praticamente desconhecida ao grande público e que quase desapareceu nos últimos 20 anos, passando de 250 ha plantados em 1990 para os atuais 63 ha., e o Aglianico. 

O Aglianicone tem um crescimento irregular do cacho, com bagos mais espaçados e  de tamanho menor ao do primo mais famoso: esta particularidade faz com que o amadurecimento da uva seja mais atrasada comportando uma falta de sincronização entre amadurecimento fenólico e tecnológico. As uvas são plantadas em terrenos calcários acima dos 400 m. onde o sol é o grande protagonista em toda a fase de desenvolvimento da planta: no verão é comum que as temperaturas superem os 40 graus e as uvas sobrevivem só graças a espessa vegetação foliar que as repara da exposição direta ao sol.

O único vinho produzido com esta casta, o Castel San Lorenzo DOC, é um vinho rústico com características vegetais, cujos aromas são típicos do Cilento e evocam, pelas frutas,  cerejas pretas maduras, pela flores, violetas e pela vegetal, cravos. Na boca os taninos são leves que tendem a ficar mais marcantes nos anos mais quentes, ma nunca poderosos, a acidez é moderada com graduação alcoólica média de 13,5% e resíduo de açucar mediamente alto.