segunda-feira, 9 de julho de 2018

DECANTAR OS VINHOS, MITOS E TENDÊNCIAS

O termo decantar significa, basicamente, livrar um líquido de impurezas. Essa é uma das funções primordiais de um decanter: separar os sedimentos do vinho. Muitos de vocês, porém, já devem ter ouvido a palavra decantar como sinônimo de enaltecer: assim, o processo de decantação de um vinho também serve para aerá-lo e, com isso, exaltar seus aromas e sabores. Os decanteres são usados desde a antiguidade principalmente para servir o vinho já que em épocas antigas a bebida de Baco era guardada, geralmente, em grandes ânforas e era preciso um recipiente menor para  facilitar o consumo. 
Função

Hoje os decanteres são feitos basicamente de vidro ou cristal, de modo a permitir a visualização do vinho. A função primordial do decanter era separar os sedimentos do vinho, que de qualquer jeito são inócuos a saúde mas desagradáveis a visão do consumidor, já que durante muito tempo eram comuns vinhos não filtrados ou clarificados e que, por conta disso, formavam sedimentos especialmente após alguns anos de guarda. 

Já que, mais recentemente, a maioria dos vinhos passa por processos de clareamento e filtragem é raro encontrar sedimentos em vinhos modernos. Dessa forma, a função do decanter passa a ser a de aerar o vinho ou, como costuma-se dizer, deixá-lo respirar. Dentro da garrafa, o contato da bebida com o ar é quase inexistente, acontecendo apenas através dos poros e espaços das rolhas de cortiça, mas quando transferimos o líquido no decantador, o vinho entra em contato com o ar e aí desprende seus aromas e sabores, ganhando vida.
Na realidade neste caso a função do decanter é de facilitar o processo de oxidação já que o contato com o oxigênio traz um ganho ao vinho acelerando o "envelhecimento" da bebida. Mas deve-se tomar muito cuidado para que um vinho decantado" seja consumido de imediato pois a excessiva oxidação por tempo prolongado tem o efeito contrário, ou seja estraga a  bebida. Por conta disso, para tentar conservar uma garrafa em casa, após aberta, usam-se dispositivos de vácuo, que retiram o oxigênio da garrafa.
Quais vinhos devemos decantar?
Já que os dois princípios fundamentais da decantação são separar sedimentos e aerar os vinhos, geralmente são decantados os vinhos que podem apresentar sedimentos (os de safras antigas e os que ficaram longo tempo descansando em garrafa antes de serem abertos - cerca de 10 anos), e os que demoram mais para abrir aromas e acentuar sabores - especialmente tintos encorpados, como os de Bordeaux, os Barolos, Super Toscanos etc - que são ditos como sendo vinhos de aromas "fechados". Também decanta-se vinhos jovens e cheios de corpo para que, em contato com o oxigênio, eles possam liberar seu buquê mais rapidamente e, assim, suavizar seus taninos, porém a tese de suavizar os taninos, contudo, é rebatida por diversos especialistas, que apontam que o efeito da oxidação, na verdade, muda a percepção dos sulfitos e outros compostos químicos, o que diminuiria a sensação de adstringência, tendo-se o efeito oposto de, concretamente, diminuir as características típicas dos vinhos novos. Os taninos só ficam mais suaves através dos processos de produção do vinho e com os anos em madeira. Pessoalmente sou um defensor desta tendência de pensamento, apesar de não existem regras absolutas quando se trata de decantar um vinho. Alguns críticos acreditam que um vinho envelhecido, mas ainda delicado, submetido à enorme presença de oxigênio do decanter poderá perder o pouco dos aromas que lhe restam e, assim, uma enorme parte do charme de se guardar uma garrafa por um longo período. Esses são, obviamente, contrários à decantação para alguns vinhos. Não é difícil notar o quanto o efeito da aeração é interessante para alguns vinhos. Se você costuma ser um degustador paciente e é daqueles que sempre deixam um fundo de líquido na taça, certamente já notou a mudança dos aromas mesmo durante a sua degustação. Apesar de certos especialistas não acreditarem que a decantação é um processo que contribui com determinados vinhos, outros são da teoria de que absolutamente todos os fermentados podem passar por decanter e, com isso, obter algum ganho - até vinhos simples, de consumo mais imediato. Alguns, por sua vez, preferem, ao invés disso, apenas abrir garrafas especiais (vinhos mais antigos de grande potência) horas antes de uma degustação, para que o contato com o ar ocorra no próprio gargalo da garrafa e não seja tão intenso quanto o líquido decantado em um recipiente de bojo grande.

Quanto tempo decantar?

Se for decantar vinhos simples, potentes, mas de consumo imediato, pouquíssimo tempo bastará para que seu buquê se abra quase totalmente. Em questão de minutos (no máximo meia hora), ele estará todo aberto e é melhor consumi-lo rapidamente para que a oxidação não o prejudique. Já alguns "monstros" do Novo Mundo, de alto teor alcoólico, podem pedir de sete a oito horas antes de se abrirem. Já os vinhos mais antigos, que foram separados de sedimentos, devem ser apreciados quase que imediatamente após serem transfiridos no decanter, pois, como já estão envelhecidos e teoricamente em seu auge, não precisam ser aerados.Vinhos mais jovens e encorpados, como Bordeaux, por exemplo, começam a ganhar com a decantação a partir de 20 a 30 minutos, mas podem ficar aerando por horas antes de mostrarem todo seu potencial. Uma ou duas horas no decanter, no máximo, bastam para a maioria dos vinhos.
Por fim, apesar de todas as dicas acima, que são mais teóricas e técnicas do que práticas, o importante e continuar a beber um bom vinho lembrando-se sempre que o vinho é extremamente subjetivo, deste modo a cabe a cada um definir a melhor forma de preparar um vinho para ser degustado.




CURSOS DEGUSTAÇÃO SOBRE VINHOS DA SARDEGNA

O presente para confirmar que a partir desta quarta feira de 11 começarão os cursos degustação dos vinhos da Sardegna nas sedes do Istituto Italiano di Cultura.
A princípio serão três datas neste mês de Julho, dia 11 na sede da Barra da Tijuca no Freeway Center (das 19.00 às 21.00 hs), dia 19, quinta feira, na sede principal localizada na Casa d'Italia no Centro (das 18.30 às 20.30), e dia 26 (quinta feira) na sede de Copacabana, das 19.00 às 21.00 hs.
Os vinhos sensacionais que degustaremos ao término da apresentação serão um espumante Brut orgânico de Vermentino Frius, da vinícola Meloni,  um Vermentino di Sardegna Doc Donnikalia 2016 e um Cannonau di Sardegna Doc Sileno 2013, vinhos que poderão ser adquiridos diretamente nos sites dos importadores com descontos fantásticos.
Além do mais, se tratando da sardegna e graças a minha colaboração de anos, o Restaurante Casa do sardo do meu amigo Silvio Podda, localizado em São Cristovão, reservou uma surpresa especial a todos os participantes do curso.
Não esperem, as vagas estão se esgotando.....
Os espero de ...taças cheias.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

CHAMPANHES - DADOS DE MERCADO E EXPORTAÇÕES 2017

Os recentes dados publicados sobre as vendas de Champagnes mostram que, graças ao aumento das exportações nos países extra CE, em 2017 o volume de garrafas vendidas registrou 307,3 milhões de unidades (+0,04%) gerando um faturamento de 4,9 bilhões de Euros (+3% em comparação a 2016), como evidenciado pela tabela abaixo:

Em valor o principal mercado, após a França, continua os EUA que superou a Inglaterra desde 2015, mas também são muito significativos os pregressos alcançados nos mercados japoneses e australianos. Alias o crescimento das vendas em mercados distantes e "difíceis" está alterando a estrutura da produção dos Champagnes: as maisons são sempre mais fortes e os vignerons, ligados desde sempre aos mercado doméstico, em dificuldade, como é claramente evidenciado na tabela abaixo:

Quanto ao destino das vendas de Champagnes, o mercado doméstico continua sendo o principal, com 154 milhões de garrafas mas em constante diminuição (-2%), em parte devido a diminuição da participação de mercado dos vignerons que, atualmente, representam menos de 19% das expedições deste produto quando a 10 anos atrás participavam com o 24%. O segundo mercado é a Inglaterra com 27 milhões de garrafas exportadas e 415 milhões de Euros de faturamento, porém aqui também, se verifica uma diminuição nos volumes (-11%) e em valor (-6%).


Na contramão das diminuições na França e na Inglaterra nos EUA os volumes das garrafas exportadas aumentam 6% (23 milhões) e o valor aumenta 9% (586 milhões de Euros). No Japão estes aumentos são ainda mais expressivos: 18% em volumes (13 milhões de garrafas) e 26% em valor (307 milhões de Euros).
O mercado alemão continua estável em volume e aumenta somente 2% em valor (198 milhões de Euros), enquanto Austrália e Itália continuam crescendo apesar de, ainda, estar muito longe do recorde italiano de garrafas consumidas em 2008 (9 milhões).