sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A TOSCANA E SEUS VINHOS

Começaram de novo as aulas degustação de vinhos no Istituto Italiano di Cultura do Rio de Janeiro.
Cada mês será analisada uma região da Itália com degustação dos respectivos vinhos mais representativos e no próximo dia 27/02 começaremos falando e degustando 3 vinhos tintos da Toscana:


Para maiores informações acessem www.italianorio.com.br
Espero vcs todos lá.
Abs.

O papel do ÁLCOOL no VINHO

Apesar de ser o vilão da história pelos efeitos nocivos provocados pelo excesso de consumo que comporta embriaguez, o álcool é um dos principais componentes do vinho e desempenha um papel fundamental para que o vinho possa ser definido como tal.
Vale a pena lembrar que o vinho é obtido através da fermentação alcoólica do suco da uva (mosto) num processo que produz álcool ou seja, o vinho existe enquanto existir o álcool, mas o álcool é somente um dos componentes do vinho e nem o preponderante já que, mediamente, o conteúdo de álcool no vinho é equivalente a 13%.
O álcool, como já falamos, é o resultado da fermentação, um processo bioquímico desenvolvido pelas leveduras que, em ambientes sem oxigênio, transformam os açúcares em álcool etílico e anidrido carbônico. A fermentação se conclui pelo total consumo dos açúcares por parte das leveduras e/ou pela alta quantidade de álcool produzida pelas mesmas leveduras. Sem açúcar as leveduras não tem possibilidade de sobrevivência pela falta de nutrientes e, deste jeito, a função biológica delas termina colocando um ponto final no processo de fermentação, deixando ao líquido uma certa quantidade de álcool etílico. Ao termino deste tipo de fermentação, chamada tecnicamente de alcoólica, as leveduras transformarão o suco de uva (mostro) em vinho, bebida de grande complexidade e inúmeros aromas e sabores, onde o álcool etílico desenvolve um papel fundamental para proporcionar equilíbrio a bebida.
O volume alcoólico atualmente presente nos vinhos de mesa é de 13,5%, um pouco superior ao volume mediamente utilizado até poucos anos atrás, que era de 12,5% e que, na época, era considerado um valor médio-alto, enquanto hoje, o 13,5% é considerado médio-baixo. Este aumento do grau alcoólico médio nos vinhos é devido, principalmente, as mudanças das condições climáticas dos últimos anos que se caracterizam com estações mais quentes e secas e que determinam um maior amadurecimento das uvas e, de consequência, um maior teor de açúcares que proporcionarão ao vinho um maior teor de álcool por meio da fermentação alcoólica.
Como já falamos antes o álcool é um dos muitos elementos do vinho e contribui para o equilíbrio gustativo do mesmo, mais especificamente é um dos componentes macios que equilibram as substâncias duras (como os taninos).É bom lembrar que o equilíbrio do álcool não diminui a sua quantidade presente no vinho, simplesmente diminui sua percepção ou seja, no paladar um vinho pode parecer menos alcoólico de quanto efetivamente é apesar da quantidade de álcool não ter variado. Por exemplo consideramos os vinhos produzidos com uvas Cabernet Sauvignon: a fermentação do mosto destas uvas produzem quantidades significativas de álcool, as vezes superior a 14%, mas a presença de substâncias ácidas e da adstringência, seja aquela típica da uva que a introduzida pelo uso das barricas, rende o vinho mais equilibrado e a sensação percebida no paladar é mais macia.
Grande importância do álcool também se ha na percepção dos aromas: o álcool é uma substância volátil que se desprende da superfície do vinho para se dispersar no ar e durante sua volatilização transporta, literalmente, os aromas do vinho pelas bordas do copo até o nariz facilitando a percepção dos mesmos. Sendo assim, vinhos com teor alcoólico mais baixos são, normalmente, menos aromáticos e certas componentes olfativas ficam menos evidentes e mais difíceis de ser percebidas ao nariz. Exceção à regra são algumas uvas naturalmente aromáticas , como o Gewurtztraminer ou o Moscato bianco, que devido a intensidade e abundância de complexos aromáticos, são facilmente percebidas mesmo sem a ajuda do álcool etílico (o grau médio de um Moscato é de 6%).
Do ponto de vista gustativo o álcool aparece na boca com  várias sensações organolépticas porém a mais evidente e predominante é aquela tátil ou seja, a famosa sensação de calor, como é chamada pelos sommeliers e enófilos quando se referem a uma bebida quente. Este efeito cáustico é uma consequência direta da secura das mucosas da boca produzida pelo álcool, secura que pode-se facilmente confundir com a sensação de "queimadura": maior a quantidade de álcool no vinho, ou seja maior o desequilíbrio do álcool no vinho, maior é a sensação de queimadura que se provoca na boca. 

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

AUSTRÁLIA - produção de vinho em 2017

Após alguns anos de grande dificuldades devido ao clima e as flutuações monetárias que dificultaram enormemente o comércio dos produtores vinícolas australianos, com pior registro em 2014, a produção australiana retoma o rumo certo e registra, em 2017, um volume de pouco inferior a 14 milhões de hectolitros, 7% maior que o ano anterior e 15% a mais da média dos últimos 5-6 anos.
A produção de uva foi de 1,93 milhões de Tons. registrando um crescimento de 5% em comparação com o ano anterior e de 12 % sobre a média histórica.
Analisando a produção por tipo de uva se confirma a predominância  histórica das uvas tintas sobre as brancas na proporção 50-55% contra 45-50%, tanto que em 2017 a produção das tintas foram 1,06 milhões de Tons. (55%) contra 867 mil Tons das brancas (45%). Os dados se confirmam até mesmo quando comparamos os valores de 2017 com aqueles do ano anterior (+12% tintas e -2% brancas) ou com as médias históricas (+22% tintas e sem variação para as brancas).
Dentro as uvas tintas se registra um grande crescimento do Shiraz que além de ser a uva tinta mais produzida na Austrália (47% das tintas e 27% do total das uvas) tem um incremento de produção de 15% em comparação a 2016 com um volume total de 500 mil Tons. Cresce também o Cabernet Sauvignon (+8%) e o Pinot Noir (+2%) enquanto o Merlot registra uma diminuição de 9%.
Já nas uvas brancas a casta mais importante (Chardonnay) registra uma diminuição significativa (-13%) em comparação ao ano anterior, equanto Sauvignon Blanc e Pinot Gris crescem, respectivamente de 4 e 2%. dado significativo é a retomada da produção da Moscato branca (+24%) após anos de quedas ininterruptas.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

DOIS COPOS DE VINHO POR DIA (NÃO MAIS) AJUDAM A "LIMPAR" O CÉREBRO

Uma recente pesquisa publicada na revista científica Cientific Reports afirma que o consumo de dois copos por dia de vinho reduz o risco de doenças cardiovasculares e tumores e além disso pode ajudar a "limpar a mente" ajudando o cérebro a eliminar as toxinas, incluindo aqueles associadas ao Alzheimer.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Rochester Medical Center que no passado descreveram o funcionamento do sistema glinfático ou seja, o processo de limpeza do cérebro onde o líquido cerebrospinal é bombeado no tecido cerebral permitindo a eliminação de toxinas, inclusive as proteínas beta amiloide e tau, associadas ao Alzheimer. O mesmo team tinha demonstrado, alguns anos depois, que o sistema glinfático é mais ativa durante as horas de sono, pode ser danificados por íctus ou traumas e melhora com o exercício.
Agora com um novo estudo realizado em camundongos analisaram os efeitos do alcoól. Estudando o cérebro dos animais expostos a altos níveis de álcool por longos períodos os pesquisadores observaram que os astrócitos, células chaves na regulação do sistema glinfático, apresentavam níveis muito altos de um marcador molecular responsável pelas inflamações. Ao contrário, em camundongos expostos a baixos níveis de consumo de álcool, equivalente a mais ou menos 2 copos por dia, o sistema glinfático era mais eficiente em remover os resíduos em comparação aos animais não expostos e os níveis de inflamação cerebral eram inferiores.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

AFINAMENTO E AMADURECIMENTO DO VINHO

O sonho de qualquer apreciador de vinho é ter uma adega bem fornecida, ordenada por tipo de vinho e por safras, dispostas em prateleiras, protegidas do calor e da luz solar,  para degusta-las, a distância de anos, em alguma ocasião especial. Dispor de uma própria adega, um lugar sagrado onde tesouros líquidos, guardados ainda jovens na esperança que as melhores condições de guarda permitam o amadurecimento dos vinhos no tempo, é o desejo de todo enófilo e apaixonado pela bebida de Baco. 
Infelizmente entre os sonhos e a realidade se encontram, muitas vezes, muitas situações de dificultam a realização do que efetivamente desejamos: mesmo com adegas modernas adquiridas em lojas especializadas ou perfeitamente construídas em lugares idôneos para conservação dos vinhos (com temperatura controlada, em lugares de baixa umidade, longe da exposição direta da luz solar) não temos a garantia de sucesso, pois a principal variável desta equação é representada pelo vinho ou seja, temos que dispor de vinhos apropriados, produzidos com uvas idôneas ao afinamento. Existem muitos vinhos que pelas próprias características de cultivo das uvas e técnicas de produção foram concebidos para não durar mais de 2 anos, mesmo conservados nas melhores cantinas com todas as condições favoráveis.
AFINAMENTO
Quando compramos um vinho de qualidade maior (e preço mais elevado) muitas vezes ficamos em dúvida se beber logo o vinho ou mante-lo por algum tempo guardado antes de abrir a garrafa: infelizmente não existe nenhuma regra específica para determinar o momento exato em que o vinho tenha atingido o ápice do afinamento ou o melhor amadurecimento. Podemos só fazer estimativas e considerações que possam nos ajudar para desfrutar do nosso tesouro líquido e, a consideração inicial que deve ser feita, é que os produtores começam a comercializar o vinho quando é pronto para ser consumido ou seja, quando já podem ser apreciados sem precisar se preocupar com ulteriores afinamentos. Esta consideração é ainda mais valiosa quando falamos de vinhos brancos que, fora raríssimos casos, não suportam longos períodos de afinamento pois perdem as próprias características distintivas que são a frescura aromática e a acidez.
Em geral os principais fatores que determinam o sucesso no amadurecimento dos vinhos são:
  • Tipo de uva: cada espécie de uva tem características próprias que determinam a menor o maior propensão ao afinamento e dependem, também, da época da vindima: uma uva madura é rica em açucares e pouco ácida, já uma uva colhida antes do amadurecimento é muita ácida e com poucos açúcares presente. Ainda mais importante algumas uvas tem naturalmente uma quantidade maior de polifenóis, que são substâncias encontradas em maior quantidade nos vinhos tintos e são essenciais para uma melhor e mais prolongada conservação;
  • Técnica enológica: os vinhos de guarda (afinamento longos) deve ser produzidos com esta finalidade, para tanto durante a produção devem ser utilizadas técnicas enológicas bem específicas, como maiores períodos de maceração no mosto e utilização de barricas de madeira para conferir maiores volumes de polifenóis, e assim de taninos, ao vinho;
  • Condições da safra: infelizmente esta fator é somente definido pelas condições climáticas e da natureza, que determinam a qualidade da uva no momento da colheita. Obvio que com as recentes descobertas da ciência enológica pode-se suprir, mesmo que não completamente, as bizarrices de mãe natureza e minimizar as perdas nas videiras, porém é inegável que um produto são é a base para um vinho de qualidade com predisposição para afinamento mais longo;
  • Modo de conservação: mesmo que produzido com as mais modernas e cuidadosas técnicas enológicas, se o vinho for conservado lugares onde estiver exposto a fatores nocivos para o seu amadurecimento, como luz, mudanças excessivas de temperatura, temperaturas demasiadamente altas ou baixas e o oxigênio, o risco do vinho estragar mais rapidamente é muito grande;
  • Componentes que ajudam a preservação do vinho: como já falamos existem na uva alguns componentes (polifenóis/taninos) que permitem que os vinhos tenham uma vida útil maior, tenham assim uma predisposição a se afinar por maior tempo nas garrafas. Outras componentes que no vinho tem uma ação de preservação são os açúcares e os ácidos, Os vinhos "passiti" e as vindimas tardias, que normalmente contém quantidades de açúcar bem elevadas, podem ser mais facilmente conservados e afinados no tempo graças a ação conservante do açúcar.
Para facilitar um pouco esta tarefa abaixo indicaremos, para alguns tipos de uvas, os tempos indicativos de afinamento:
BRANCAS
Chardonnay: 2 à 6 anos
Chennin Blanc: 4 à 30 anos
Cortese: 2 à 4 anos
Gewurztraminer: 2 à 10 anos
Pinot bianco: 2 à 5 anos
Riesling: 2 à 30 anos
Sauvignon Blanc: 1 à 3 anos
Semillon: 2 à 10 anos
Trebbiano toscano: 1 à 2 anos
Viognier: 2 à 5 anos

TINTAS
Aglianico: 4 à 10 anos
cebernet Sauvignon: 4 à 20 anos
Merlot: 2 à 10 anos
Montepulciano: 3 à 10 anos
Nebbiolo: 4 à 20 anos
Pinot Noir: 2 à 8 anos
Primitivo: 4 à 8 anos
Sagrantino: 4 à 15 anos
Sangiovese: 3 à 20 anos
Syrah: 4 à 16 anos
Tempranillo: 2 à 8 anos
Zinfandel: 3 à 10 anos