sexta-feira, 20 de junho de 2025

INVESTIR EM VINHOS - CONSIDERAÇÕES E DICAS

Investir em ativos alternativos está cada vez mais na moda, e isso também se aplica a ativos físicos, como vinhos finos ou com “grau de investimento”. Historicamente, o ouro tinto é considerado um ativo confiável de refúgio seguro e talvez mais seguro que o ouro, apesar que nos primeiros meses de 2025 houve uma grande queda nos índices Liv-Ex. No entanto, não se trata de um mercado simples com ganhos imediatos fáceis: pelo contrário, investir em vinho é uma questão para especialistas e requer sólidos conhecimentos técnicos. Uma coleção de garrafas de prestigio - além de ser uma grande paixão para os conhecedores - pode embasar um investimento bem diversificado, ajudando a complementar a estratégia financeira e a proteger o capital. Quais ad dicas para construir uma pequena adega de colecionador e investir em vinho de forma lucrativa?

Juntamente com outros tipos de ativos alternativos, o vinho de coleção tem conseguido atrair um interesse crescente de pequenos e grandes investidores nos últimos anos. O que sempre agradou foi a estabilidade desse setor: nos últimos anos, os índices dos vinhos mais valiosos do mundo registraram ganhos médios de cerca de 7% ao ano, sem sofrer colapsos repentinos ou quedas significativas durante períodos de crise econômica. A situação, no entanto, tornou-se um pouco complicada devido a vários fatores, como tensões geopolíticas, guerras comerciais, desafios climáticos e de safra e, não menos importante, uma mudança no comportamento do consumidor. Além das complexidades, é preciso lembrar que, em comparação com outros ativos seguros - como obras de arte ou carros clássicos -, o investimento em garrafas de vinho permite que sejam investidas quantias menores: para os novatos, o orçamento inicial pode ser mais acessível.

Como investir em vinho? Contar com um intermediário qualificado é essencial, assim como alocar corretamente seu orçamento e diversificar seus ativos. Vamos dar uma breve olhada aos fatores que influenciam os preços

RÓTULOS

Entre os elementos mais importantes a serem considerados estão o rótulo e a fama do produtor: comprar vinho de uma vinícola famosa é sempre uma vantagem, especialmente se for um vinho produzido em quantidades limitadas ou se for antigo (e, portanto, raro por definição).

SAFRA

O ano da safra é um fator decisivo, pois permite identificar produções caracterizadas por condições climáticas particularmente favoráveis. O valor de um vinho depende diretamente do nível de envelhecimento: pense principalmente nos grandes vinhos tintos (franceses e outros) que, nos melhores casos, podem ser mantidos por décadas, até meio século ou mais.

ORIGEM DO VINHO

Assim como em outros tipos de investimento, vale a pena diferenciar para ter maior flexibilidade. Além das tendências, algumas opções representam uma garantia geográfica, como os crus de Bordeaux.

Quais os melhores vinhos para investimentos?

Champagnes

Símbolo da excelência dos vinhos espumantes, o Champanhe simboliza o luxo e a sofisticação e sempre foi considerado um símbolo de status. Os preços dos melhores rótulos tendem a apresentar um crescimento estável (de acordo com os números mais recentes, estima-se que o mercado de champanhe esteja próximo de US$ 11 bilhões nos próximos cinco anos), oferecendo um retorno seguro. Muitas safras se esgotam antes de atingir seu nível ideal de maturidade: em muitos casos, elas tendem a ser consumidas antes de atingir a maturidade, escapando assim das adegas de investidores e colecionadores.

Vinhos de Bordeaux

Grandes volumes de produção e excelente qualidade: essa é a força dos vinhos de Bordeaux, que por si só atraem grande parte do comércio e do valor econômico gerado pelo mercado de vinhos de investimento todos os anos. Os tintos produzidos pelos châteaux de Bordeaux - sujeitos a vários estágios de avaliação antes do engarrafamento e da venda - são caracterizados por sua alta liquidez.

Vinhos da Borgonha

Os vinhos da Borgonha são considerados o ouro tinto por excelência. Sua fama também deriva de sua produção limitada: em alguns casos, as propriedades mais renomadas produzem apenas algumas centenas de garrafas por ano, com preços que variam de acordo. Os vinhos da Borgonha são verdadeiros ícones: os preços proibitivos, entretanto, bem como o desempenho desigual, podem desencorajar pequenos investidores e, às vezes, até mesmo os colecionadores mais exigentes.

Vinhos do Rhone

Os vinhos do vale do Rhone ganharam popularidade graças ao chamado “efeito Bordeaux”, representando uma espécie de alternativa barata aos vinhos da “moda”, caracterizados por preços muito altos. A região na fronteira entre a Suíça e a Itália produz uma quantidade limitada de vinhos finos, que são vistos com interesse crescente pelos investidores.

Vinhos iconicos Italianos

Os vinhos italianos, em geral, não podem apresentar o mesmo potencial de envelhecimento dos vinhos franceses. Essa característica limita suas perspectivas de apreciação e, portanto, seu uso como vinhos de investimento, com exceção de produtos particularmente estruturados e valiosos, principalmente da Toscana e do Piemonte, como o Brunello di Montalcino, os Supertuscans e o Barolo.

Vinhos iconicos Europeus

Em quais vinhos investir como alternativa? Entre as opções mais interessantes na Europa estão a Espanha e Portugal. No primeiro caso, o destaque é para os vinhos de Rioja, Ribera del Duero, Toro e Priorat, enquanto Portugal pode contar com o famoso vinho do Porto, um produto relativamente de nicho que alimenta uma demanda bastante limitada.

Vinhos da Califôrnia

Os vinhos de investimento da Califórnia se identificam com Napa Valley e Sonoma Valley, no centro de uma produção de vinhos muito limitada e muito exclusiva. O acesso a esse mercado - caracterizado por uma dinâmica de preços muito forte - está sujeito a listas fechadas.

Como investir em vinho? O ponto de referência para os negociantes é a London International Vintners Exchange - ou Liv-ex -, reservada exclusivamente para profissionais. Os investidores privados podem recorrer a um distribuidor ou revendedor autorizado paara acessar esse mercado ou comprar por meio de leilão. A referência para comerciantes e colecionadores é o Liv-ex 100, um índice lançado em 2000 que reúne as cotações dos produtos mais populares. O subíndice correspondente em nível italiano é o Liv-ex Italy 100, que agrupa uma seleção muito restrita de rótulos.

Quais as vantagem deste tipo de investimanto? Bons rendimentos (o reconhecimento do rótulo é uma garantia de retorno crescente ao longo do tempo, desde que se trate de um vinho raro ou de uma safra fina. A integridade da embalagem original também contribui para o valor), nenhum imposto (investir em garrafas de vinho também vale a pena do ponto de vista fiscal: como se trata de um ativo perecível, não há pagamento de imposto sobre ganhos de capital), diversificação (investir em vinhos finos representa um ativo atraente para diversificar o portfólio e protegê-lo das flutuações de instrumentos mais voláteis), investimento seguro e boa liquidez (deixando de lado o desempenho no início de 2025, o mercado de vinhos vintage tem se mostrado confiável nos últimos anos e tem sido capaz de resistir até mesmo a períodos de crise. Os vinhos mais valiosos são sustentados por uma excelente demanda e são um investimento líquido de fácil troca), bem físico tangível  (investir em vinhos finos significa possuir um ativo físico e tangível que, como tal, não é afetado pela volatilidade do mercado de ações e de outros instrumentos financeiros).

Em resumo, quanto rende o vinho e por que esse tipo de investimento deve ser considerado? Especular com vinhos raros requer um grande capital: nem todo mundo pode comprar uma garrafa de Cabernet Sauvignon que, aos olhos dos especialistas, vale centenas de milhares de euros. Para aqueles que estão preparados para adotar um horizonte de investimento de médio a longo prazo, no entanto, uma pequena adega de colecionador - se bem abastecida - tende a oferecer a certeza de recuperar o capital e obter um retorno atrativo. 

quinta-feira, 19 de junho de 2025

BRASIL LIDERA IMPORTAÇÕES DE VINHOS E ESPUMANTES NA AMERICA LATINA

No dia 24 de Fevereiro foi realizada em São Paulo a nona edição da Adega Ideal, o mais relevante congresso profissional do mercado de vinhos no Brasil onde foi traçada uma análise detalhada do setor com destaque para a marca expressiva de US$ 500 milhões de importações em 2024. No último ano, as importações de vinhos na América Latina cresceram 8%, um número que amplia o interesse dos produtores internacionais, especialmente diante da queda de consumo na Europa, dos desafios na Ásia e da estabilidade do mercado nos Estados Unidos. Esse crescimento incentiva o aumento das metas de exportação para a região, com destaque para o Brasil, que registrou um avanço de 10% (subindo de US$ 468.867.679,4, em 2023, para US$ 518.216.136,7, em 2024), a República Dominicana, com 20% (indo de US$ 72.995.546,4, em 2023, para US$ 88.063.956,7, em 2024), enquanto o México manteve um desempenho estável, com uma variação de 1,2% de um ano para outro.

Christian Burgos, CEO da Revista Adega e diretor da ProWine São Paulo, afirmou que ““Quando se trata do Brasil, é evidente que muitos produtores e associações estão direcionando grandes investimentos para o país. Sempre me perguntei se essa estratégia fazia sentido e se o mercado realmente responderia a tanto investimento. A resposta que ouvi foi clara: ‘Não há outro lugar para colocar’. Ou seja, apesar dos desafios, o Brasil se destaca como uma das melhores opções de investimento e atenção no cenário atual. Ainda assim, o país não garante que o mercado responderá positivamente a todos que optarem por investir nele”. O CEO da Revista Adega ressaltou um ponto importante sobre o aumento do investimento das ONGs, especialmente da União Europeia e o assédio dos produtores. Segundo ele, embora isso aumente a pressão, pode ser positivo, principalmente quando se trata de ações de marketing financiadas por esses recursos, que ajudam a divulgar o vinho sem onerar diretamente o bolso do importador, beneficiando o mercado como um todo. No entanto, a expectativa em relação aos números muitas vezes é irreal. Burgos mencionou que, apesar de muitos acreditarem que o grande desafio para o vinho seja o movimento antiálcool, esse fenômeno ainda não se materializou de forma significativa no Brasil ou na Europa. Desde o pós-guerra, o consumo de vinho tem caído nos países produtores, especialmente com a urbanização e a perda da bebida como fonte de calorias no trabalho rural. Já o varejo nacional tem buscado maior profissionalização e controle de estoques, enquanto os produtores, especialmente os chilenos, enfrentam a necessidade de reorganizar suas estratégias de plantio e comercialização. O mercado está em um momento de transição, onde a consolidação e o planejamento estratégico serão fundamentais para um crescimento sustentável.

Já Felipe Galtaroça, CEO da Ideal Consulting, mediador do seminário, ressaltou que “Ao analisar o mercado brasileiro, estimamos seu tamanho considerando volumes comercializados (sell-in) e preço médio de varejo (retail). O vinho de mesa apresenta o menor preço do mercado. Além disso, algumas marcas adotam estratégias tributárias diferenciadas para ampliar sua distribuição nacional, especialmente nesse segmento”. Com a redução do poder de compra da população, o vinho de mesa se torna uma alternativa acessível ao consumidor, que muitas vezes não distingue entre vinhos de uvas viníferas e americanas. Paralelamente, observa-se uma reconfiguração do segmento, com uma valorização que tem reposicionado até mesmo os vinhos de entrada como itens de luxo. Os dados também revelam oportunidades no varejo. O vinho importado representa 60% do mercado em valor, com preço médio de R$ 53,70. No varejo, essa média cai para R$ 36,00. Já os vinhos nacionais têm forte presença no autosserviço, mas ainda precisam expandir sua distribuição para canais especializados e on-trade, como bares e restaurantes. O espumante brasileiro, por exemplo, cresceu de 25 para 37 milhões de litros nos últimos anos, demonstrando um potencial de valorização.

Diante desse cenário, a indústria nacional enfrenta o desafio de consolidar sua presença e ampliar sua participação em segmentos de maior valor agregado. O fortalecimento das estratégias comerciais e a adaptação às novas dinâmicas do varejo serão determinantes para o crescimento sustentável do setor.

PRINCIPAIS INSIGHTS DA NONA EDIÇÃO DO SEMINÁRIO ADEGA IDEAL

Ø  Em 2024, o Brasil e o México foram os principais importadores da América Latina, respondendo por 42% e 26% do mercado, respectivamente. O crescimento total das importações na região foi de 7,7% em relação a 2023;

Ø  O mercado de vinhos importados no Brasil apresentou um crescimento significativo, com destaque para o Chile, que registrou um aumento de 16% em volume e conquistou três pontos percentuais de quota de mercado, atingindo 35%. Itália e Portugal tiveram um desempenho positivo com um crescimento de 10% e 9% nas importações, respectivamente;

Ø  Com base nos dados da sell-in e considerando um aumento nos estoques do mercado brasileiro, resultante de um crescimento no abastecimento – impulsionado principalmente pelas importações – que não acompanhou o sell-out do varejo (principal canal de vendas da categoria), estima-se que parte desse montante esteja estocado em importadoras e distribuidoras;

Ø  No ano passado, o mercado brasileiro de vinhos e espumantes movimentou cerca de R$ 19 bilhões, equivalentes a 0,2% do PIB nacional;

Ø  Pelo quarto ano consecutivo, o mercado de espumantes brasileiro apresenta crescimento. No último ano, o volume totalizou 37,2 milhões de litros, 2% acima de 2023 e quase 40% superior ao volume de 2019;

Ø  As importações de vinhos e espumantes no Brasil alcançaram um novo patamar histórico em 2024, com um total de 17,7 milhões de caixas de nove litros. Esse volume representa um aumento em relação ao recorde anterior, registrado em 2021, quando foram importados 17,6 milhões de caixas.


terça-feira, 17 de junho de 2025

VINHO IDEAL? PARA OS MAIS JOVENS DEVE TER 11,5% DE ALCOOL

Uma pesquisa encomendada pelo Conseil Interprofissionel de Vin de Bordeuax (CIVB) á IWSR (empresa líder global em dados, análises e percepções para o setor de bebidas alcoólicas) realizado em sete mercados estratégicos (Alemanha, Bélgica, China, EUA, França, Japão e Reino Unido) e que também se concentra nas expectativas dos consumidores em relação ao teor alcoólico dos vinhos, evidenciou que o conceito de “drinkability”, de um vinho mais leve e, portanto, com menor teor alcoólico, parece estar se tornando cada vez mais difundido entre os wines lovers, em uma era em que os produtos “No-Lo” (termo cunhado para designar bebidas com baixo ou nenhum teor alcoólico) estão em alta, tanto que o teor alcoólico está entre os requisitos mais populares na escolha e compra de uma garrafa de vinho.

Para os consumidores, o teor alcoólico é um critério fundamental de escolha ao comprar uma garrafa e eles preferem teores alcoólicos moderados, especificamente 12,5 graus na França e 11,5 nos mercados de exportação (e na faixa etária de 18 a 34 anos) para vinhos tintos, rosés e brancos. O teor alcoólico, como informa o portal Vitisphere, é um critério de escolha importante ou muito importante para 56% dos consumidores de vinhos tranquilos nos Estados Unidos (+4% em 2022), 54% na Grã-Bretanha (+10%), 49% na França (+2%), 47% no Japão (-2%), 42% na Alemanha (+5%), 38% na Bélgica (+1%) e 26% na China (-1%). Os analistas da IWSR destacaram que na França, Bélgica e China esse critério é transgeracional, enquanto nos EUA, Alemanha, Japão e Reino Unido ele é mais importante entre os consumidores jovens (18 a 34 anos).

Os resultados indicam que o pico de aceitabilidade (limite no qual 75% dos consumidores comprariam o vinho) é de cerca de 11,5 graus, independentemente da cor do vinho, com variações entre os países. Entre os países importadores, espera-se um teor alcoólico mais baixo do que nos países europeus, como a França, onde essa exigência é de 12,5 graus. E os jovens são mais sensíveis ao teor alcoólico e esperam um teor alcoólico um pouco menor (em média, cerca de 1 grau).

O CIVB também confiou à IWSR a atualização do “Barômetro de fama e imagem” para monitorar a percepção dos vinhos de Bordeaux, a região vinícola icônica do mundo. O mesmo CIVB informou que, em todos esses países, Bordeaux continua sendo o vinho mais conhecido, excluindo os produtos locais, e também está entre as quatro origens mais compradas (primeiro na França e na Bélgica). Os vinhos de Bordeaux são reconhecidos como “vinhos de qualidade” e “produzidos por produtores apaixonados” e “estão progredindo no conceito de acessibilidade, especialmente em termos de custo-benefício”. E nos Estados Unidos, Japão, Alemanha e Reino Unido, aqueles que compram vinhos de Bordeaux são mais jovens do que a média dos consumidores de vinho - boas notícias para o futuro.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

FRAUDE EM CHAMPAGNE, 800.000 GARRAFAS FALSIFICADAS

O enólogo Didier Chopin é acusado de fraude, uso indevido de denominações de origem e uso indevido de ativos da empresa por produzir e vender garrafas falsificadas de champanhe entre 2022 e 2023. De acordo com as estimativas dos promotores, 800.000 unidades foram produzidas no departamento de Aisne com uma receita baseada em vinhos espanhóis e também outros de Ardèche (outro departamento francês), aos quais foram adicionados aromatizantes, dióxido de carbono e licores, conforme relatado pela revista de vinhos "La Revue du Vin de France". A bebida falsificada era então transportada para o Marne, onde o viticultor possuía uma verdadeira propriedade de champanhe, e lá os rótulos eram colocados às garrafas para vendê-las a distribuidores franceses a preços de banana (especialmente na distribuição na Grande Distribuição), mas também em mais de 40 países no exterior. E é por isso que o Civc (Comité Interprofessionnel du Vin Champagne), o Inao (Institut national de l'origine et de la qualité) e a Cgt (Confederation of Champagne Workers) entraram com uma ação civil contra a Chopin, com o apoio de um delator que revelou todo o caso em agosto de 2023.Sua esposa, Karine Chopin, também está sendo acusada de fraude e uso indevido da denominação.

Um julgamento que começou dia 11/06 no tribunal de Reims, no qual o réu admitiu sua culpa, mas a minimizou: “Cometi alguns erros muito graves”, disse ele, “mas não fiquei rico”. Ele disse que agiu dessa forma porque foi “muito pressionado” pela Scapest, a agência central que abastece os supermercados Leclerc e com a qual Chopin tinha um contrato. Entrevistado pelo canal de notícias francês Tf1, o réu disse que “veio para explicar a verdade” e "produziu algumas garrafas de champanhe falsificadas. Cerca de 200.000". Só que, durante a audiência, ele aumentou o número para ‘500.000-600.000’, ‘talvez até mais’, com os magistrados suspeitando que, na realidade, há pelo menos 800.000. 

Ele pode pegar cinco anos de prisão e uma multa de 375.000 euros.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

CONSUMOS DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NA ITÁLIA - RELATÓRIO ISTAT 2025

Na Itália, o consumo ocasional de álcool está crescendo, enquanto o consumo diário está caindo, e o vinho não é mais o “rei” indiscutível da mesa. O Relatório Anual 2025 da Istat (Instituto Nacional de Estatística), apresentado no meado de Maio em Roma, esclareceu essa tendência. "Observamos mudanças profundas ao longo do tempo: houve uma mudança do consumo moderado e diário de vinho durante as refeições para padrões mais parecidos com os dos países nórdicos, que não dizem mais respeito apenas ao vinho, mas também cerveja e destilados. Esses últimos, geralmente consumidos fora das refeições e não diariamente, concentram-se em ocasiões específicas (por exemplo, fins de semana) e, às vezes, são levados ao excesso e à embriaguez (o chamado binge drinking)". Em particular, o relatório continua explicando que "nos últimos 25 anos, entre a população com 15 anos ou mais, enquanto o consumo geral de álcool (vinho, cerveja e outras bebidas alcoólicas pelo menos uma vez por ano) permaneceu quase estável em 70,6% em 1999 e 68,7% em 2023, houve, de um lado, uma redução no consumo diário (de 33,3% para 19%) e, por outro, um aumento no consumo ocasional (de 37,3% para 49,8%) e no consumo fora das refeições (de 23,8% para 33,4%); os hábitos de consumo excessivo de álcool permanecem quase estáveis (7,3% em 2003 e 7,8% em 2023)". Ao longo do tempo, com a mesma idade, o consumo diário cai significativamente de geração em geração. Enquanto entre os nascidos no período imediatamente pós-guerra o consumo diário chegou a 40,3% na faixa etária de 45 a 49 anos, entre os nascidos entre 1970 e 1974 ele caiu para 18,8%. A tendência oposta para o consumo fora das refeições, que, se para os nascidos entre 1965 e 1969 era de 29,6% aos 35-39 anos de idade, sobe para 49,1% entre os nascidos na geração 1985-1989. O consumo diário de álcool afeta mais os homens do que as mulheres, mas observa-se uma redução para ambos. O consumo de álcool fora das refeições, por outro lado, mostra tendências muito semelhantes por gênero, mas em níveis mais altos para os homens. E se o conceito de “moderação” deve ser o caminho a seguir para todos, o hábito da embriaguez se revela um fenômeno tipicamente juvenil, com o pico atingido na idade de 20 a 24 anos, onde oscila em torno de 15% em todas as gerações nascidas entre 1984 e 2004, e depois diminui em idades mais avançadas. Entre a geração nascida entre 1970 e 1974, o consumo excessivo de álcool afetou 9% aos 35-39 anos de idade, porcentagem que aumenta para 15,2% na mesma idade entre os nascidos entre 1985 e 1989.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

OS 20 VINHOS MAIS PROCURADOS E PESQUISADOS DO MUNDO, EM 2025

 De acordo com o portal Wine Searcher, o guia de referência em fato de pesquisa e comparação de preços de vinhos a nivel mundial, em 2025 os primeiros 20 vinhos mais procurados nas pesquisas foram: Chateau Lafitte Rothchild, Chateau Mouton Rothchild, Chateau Latour, Chateau Margaux, Petrus, Chateau d'Yquem, Dom Perignon Brut, Chateau Haut-Brion, Sassicaia della Tenuta San Guido, Domaine de la Romanee-Conti Romanee-Conti Grand Cru, Chateau Pontet Canet, Chateau Cheval Blanc, Chateau Lynch-Bages, Chateau Montrose, Opus One, Chateau d'Estournel, Chateau Palmer Domaine de la Romanee-Conti La Tache Grand Cru Monopole, Tignanello di Marchesi Antinori e Chateau Leoville-Las Cases "Grand Vin de Leoville". 

O que emerge, como sempre, é um “top 20” que fala essencialmente francês e, entre as poucas exceções, as cores da Itália se destacam graças ao Sassicaia (nº 9), a joia da Tenuta San Guido e Bolgheri, um dos simbolos da excelência da indústria vinícola italiana, e um “clássico” em termos de prêmios e reconhecimento, o Tignanello da Marchesi Antinori (nº 19), outro vinho italiano icônico produzido por uma das famílias mais importantes do mundo do vinho. O Opus One, entre as referências do Napa Valley, é o único vinho estrangeiro no ranking. Embora seja verdade que tudo está mudando, desde os estilos de produção que estão evoluindo até o consumo que cada vez mais premia um elemento como o drinkability, entendido como simplicidade, frescor e elegância, os rótulos mais procurados continuam sendo, no entanto, sempre os grandes clássicos, os vinhos consagrados, os de qualidade reconhecida, valores importantes e marcas fortes, o “sonho” perene dos amantes do vinho, dos assim definidos "big spenders" e dos colecionadores.

Uma lista de vinhos de absoluto prestígio que compõe “The Most Wanted Wines of 2025” da Wine Searcher e que confirma seus nomes (apenas as posições no Top 10 mudam) mesmo comparando-os com a edição anterior. Uma lista que também mostra como é forte o mito de Bordeaux, dominando o ranking, e o prestígio de alguns dos territórios vinícolas mais icônicos que, pelo menos com suas joias, continuam a brilhar sob sua própria luz: da Borgonha a Bordeaux, de Champagne à Toscana e Napa Valley na Califórnia.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

SUPERFICIE PLANTADA, PRODUÇÃO, CONSUMO DE VINHOS NO BRASIL

Sabemos que mudanças climáticas, quebras de safra, inflação, mudanças nos hábitos de consumo, guerra tarifária e conflitos geopolíticos foram os fatores principais que induziram uma queda na produção e no consumo de vinhos a nível mundial, mas qual a situação no Brasil?

Com base no novo relatório da Organização Internacional da Vinha e do Vinho, podemos afirmar que o cenário atual é, no mínimo, desafiador para o setor vitivinícola. O Brasil, em contraste com outros países da América do Sul, se destacou por expandir sua área de vinhedos pelo quarto ano consecutivo, registrando 83 mil hectares, um crescimento de 1,6% no período de 2023/2024, mas quanto a produção e consumo, segiu o trend internacional de diminuição. No que diz respeito a produção, o volume global de vinhos produzidos atingiu o patamar mais baixo desde 1961, chegando a 225,8 milhões de hectolitros, uma queda de 4,8% em relação a 2023 e no Brasil não foi diferente: foi registrada uma expressiva quebra de safra no 2023/2024 por causa das condições climáticas adversas, com um volume de produção de 2,1 milhões de hectolitros, 25,2% abaixo da média dos cinco anos anteriores. O consumo também teve uma contração significativa (-10,1%) em comparação ao 2023, com 3,1 milhões de hectolitros contra os 3,5 de 2023, 3,6 de 2022 e 4,1 de 2021 (record histórico de consumo interno de vinhos). Se estes dados divulgados agora são preocupantes, ao mesmo podem ser uma oportunidade, para isso é necessário um investimento cada vez maior no setor de vinho no Brasil, um mercado que tem grande potencial mas precisa ser trabalhado. Em 2020 e 2021 – em plena pandemia – o consumo de vinhos no Brasil chegou a 4,1 milhões de hectolitros, atingindo um recorde. Em pouco menos de quatro anos, o mercado brasileiro viu ‘volatilizar’ 1 milhão de hectolitros – ou 100 milhões de litros de vinho. 

Como afirmou Caroline Dani, pesquisadora e Presidente da ABS-RS " observamos uma redução do consumo, mas também uma redução de produção e de superfície de vinhedos plantados. Isso dá um certo equilíbrio na economia: quanto menos uva, menos vinho, menos consumo. É importante em termos de equilíbrio de setor. Por conta da quebra da safra de 2024, tivemos uma redução significativa na produção do Brasil, dados que foram confirmados agora pela OIV, por outro lado, o Brasil era um dos países com maior consumo e perspectivas de aumento de consumo, mas esse ano houve uma queda. No meu entender - conclui Carolina,  temos que pensar no Brasil também como produtor de uvas para consumo in natura e suco de uva" reforçando o potencial do suco de uva nacional