quarta-feira, 27 de agosto de 2025

PRIMUM FAMILIAE VINI - AS 12 FAMILHAS NOBRES DO VINHO

Representar o mais alto nível de excelência no mundo do vinho, defender tanto a qualidade excepcional quanto a sustentabilidade, unir o patrimônio familiar à inovação, cultivar uma visão ambiciosa com um espírito apaixonado. Estes são os objetivos da Primum Familiae Vini (Pfv), a associação que reúne as 12 famílias produtoras de vinho de mais antiga tradição e importância a nível mundial, com nomes do calibre de Marchesi Antinori (Toscana), Baron Philippe de Rothschild (Bordeaux), Joseph Drouhin (Borgonha), Domaine Clarence Dillon (Bordeaux), Egon Müller Scharzhof (Mosela), Famille Hugel (Alsácia), Pol Roger (Champagne), Famille Perrin (Vale do Ródano), Symington Family Estates (Douro), Tenuta San Guido (Toscana), Familia Torres (Catalunha) e Tempos Vega Sicilia (Ribera del Duero). Doze “grandes” nomes do vinho se encontraram na reunião anual da Symington Wine Estates, em Portugal (Douro), onde foi anunciada a nomeação do Príncipe Robert de Luxemburgo, à frente da Domaine Clarence Dillon, um dos mais prestigiados grupos vinícolas de Bordéus, como novo presidente para o ano em curso (sucedendo a Charles Symington), dando assim continuidade à tradicional rotação anual da liderança entre os vários membros.

Como presidente e CEO da Domaine Clarence Dillon, o Príncipe Robert dá continuidade ao legado de seu bisavô Clarence Dillon, que comprou o Château Haut-Brion em 1935. Sob sua liderança, o grupo expandiu-se nos setores de gastronomia, distribuição, varejo e hotelaria, com o restaurante Le Clarence, premiado com duas estrelas Michelin, em Paris, e a boutique La Cave du Château. A família Dillon passou a fazer parte da Primum Familiae Vini em 2018. O Príncipe Robert de Luxemburgo, à frente da Domaine Clarence Dillon, olha para o futuro apostando na sustentabilidade, tema que é caro a todos os membros da Primum Familiae Vini. Em Château Haut-Brion, ele está supervisionando um importante projeto arquitetônico assinado por Annabelle Selldorf (“Time Magazine 2025, Frick Collection Nyc, The National Gallery London), com o objetivo declarado de alcançar a neutralidade de carbono nas novas adegas e nas áreas de hospitalidade. A inauguração está prevista para o segundo semestre de 2026. “É uma grande honra assumir a presidência, seguindo os passos do meu estimado amigo Charles Symington”, declarou o Príncipe Robert. “A recepção deles no Douro foi excepcional. Durante o meu mandato, desejo concentrar-me particularmente no crescente interesse pela experiência e hospitalidade no nosso universo vinícola, um âmbito em que as famílias P estão perfeitamente posicionadas para compartilhar os seus valores”.

O encontro das doze famílias Primum Familiae Vini no esplêndido cenário do Vale do Douro para a reunião anual foi uma oportunidade para compartilhar boas práticas, enfrentar desafios comuns e refletir sobre o impacto da Inteligência Artificial na gestão dos vinhedos e na análise dos mercados. Uma das iniciativas simbólicas do seu compromisso com a excelência e a filantropia é o Passaporte Anual Pfv com a caixa em edição limitada. Todos os anos, uma coleção exclusiva de doze vinhos raros, um por família, é apresentada em uma caixa artesanal requintada. A compra inclui um “passaporte” que dá acesso privilegiado às propriedades. A receita é destinada a causas beneficentes, celebrando o auge da excelência vinícola e o compromisso social das famílias. O próximo encontro será realizado no Domaine Clarence Dillon, nas magníficas propriedades de Bordeaux: Château Quintus, Château Haut-Brion e Château La Mission Haut-Brion.




segunda-feira, 25 de agosto de 2025

O ENOTURISMO NA ITÁLIA ESTÁ MUDANDO

Como está o turismo do vinho na Itália? Em mudança. Com as devidas distinções entre chegadas nacionais e estrangeiras. Por exemplo, no primeiro semestre deste ano, as vinícolas, que já estavam sofrendo com um turismo italiano mais “econômico” do que o habitual, viram diminuir o número de turistas norte-americanos, com consequente efeito negativo nas vendas diretas de garrafas. 

O evento Calici di Stelle, em agosto, e, ainda mais, o Cantine Aperte, em maio, destacaram a preferência dos enoturistas por propostas que combinam grandes vinhos com música e diversão social. Em outras palavras, destaca-se uma diminuição do apelo das degustações, mesmo as extraordinárias e conduzidas por grandes degustadores, enquanto cresce o interesse por momentos em que o vinho se torna um catalisador da alegria de viver e de novas amizades. Nesse sentido, é útil observar atentamente o modelo de enoturismo proposto pelo sul da Itália e que surgiu da análise 2025 realizada nas adegas do Movimento do Turismo do Vinho pelo Centro de Estudos Enoturísticos e Olioturísticos Ceseo da Universidade Lumsa. As adegas do sul combinam a degustação de vinhos e alimentos de excelência com a convivialidade e a comunicação digital. Um formato interessante também em relação ao uso do enoturismo para dialogar com os jovens consumidores e as pessoas que estão dando os primeiros passos na cultura do vinho.

A Geração Z e os Millennials demonstram muito interesse em visitar as adegas, mas enfrentam dois problemas: o custo das experiências, que aumentou nos últimos dois anos e, em quase todos os lugares, ultrapassa os 20 euros para a proposta básica, e as adegas fechadas nos finais de semana, quando os jovens têm tempo livre. Este último é um problema muito grave, especialmente aos domingos, quando metade das empresas são pouco acessíveis. Em geral, isso é mais grave no sul da Itália, enquanto as adegas de regiões como Friuli-Venezia-Giulia estão quase todas abertas nos feriados.

O último evento de verão Calici di stelle, que terminou ontém, 24 de agosto foi celebrado em adegas e praças por toda a Itália, propondo a combinação pizza-vinho e apostando na excelência dos autênticos pizzaiolos napolitanos, que receberam o reconhecimento da Unesco em 2017. Beber uma excelente taça de vinho acompanhada de pizza é saudável e agradável. Se isso acontecer sob as estrelas, nos maravilhosos territórios do vinho italiano, então a degustação realmente nos faz apaixonar.


quarta-feira, 20 de agosto de 2025

PONTUAÇÃO E EMOÇÃO: NOVA PERSPECTIVA PARA ESCOLHER UM VINHO?

No mundo do vinho, a corrida para ser o “melhor” é uma das dinâmicas mais arraigadas. Pontuações altas, medalhas de ouro e reconhecimentos internacionais sempre foram considerados a medida do sucesso. No entanto, em um setor em constante evolução, está ganhando força um ponto de vista diferente e pragmático: “Não tente ser o melhor, tente ser o favorito”. Esse conceito, expresso magistralmente por Mike Carter (autor e fundador do The Wine Wordsmith), traz uma reflexão profunda sobre o futuro do mercado do vinho.

O vinho é, por definição, uma experiência sensorial, e cada garrafa conta uma história. Por muito tempo, porém, a indústria vinícola concentrou-se principalmente na pontuação: 90+, 95, 100. Os consumidores foram educados a escolher o vinho com base nesses números, sem parar para refletir sobre o que realmente os conecta à garrafa. A realidade é que as pessoas não escolhem o vinho pela sua pontuação, mas pelo seu significado emocional, pela história que conta e pela ligação que consegue criar com quem o bebe.

Como Carter destacou, “As pessoas não procuram o melhor vinho de acordo com o padrão de outra pessoa. Elas procuram o próprio vinho, aquele que lhes lembra uma história, um lugar, um sentimento que nunca querem perder”. É isso que faz a diferença entre o melhor vinho do mundo e aquele que se torna o favorito de um consumidor: a autenticidade e a experiência que ele traz consigo. A obsessão por pontuações e a busca por uma perfeição que satisfaça os críticos correm o risco de omitir um aspecto fundamental: a beleza subjetiva da experiência sensorial. Cada garrafa de vinho tem um potencial de conexão emocional que vai além da avaliação numérica. Se nos limitarmos a olhar apenas para a pontuação, corremos o risco de perder de vista o verdadeiro valor do vinho, que é o de criar momentos de alegria, memórias e relacionamentos.

Durante séculos, a indústria vinícola foi definida pelos seus guardiões, ou seja, críticos, sommeliers e produtores tradicionais que tinham a última palavra sobre o que era considerado “de qualidade”. No entanto, a verdadeira revolução está ocorrendo agora, com uma mudança de paradigma em direção à inclusão. Carter ressalta que o futuro do vinho não pertence àqueles que jogam com as regras estabelecidas, mas àqueles que estão dispostos a mudar o jogo, construindo uma relação autêntica com o consumidor.

Existem várias ideias para repensar a estratégia no mundo do vinho, com o objetivo de se tornar o vinho preferido e não o melhor. Aqui estão algumas ideias práticas:

  • Abrace sua história autêntica: as pessoas se conectam com histórias genuínas, não com a perfeição técnica. O que torna seu vinho único? Qual é a história por trás de cada garrafa? São as emoções e as experiências humanas que deixam marcas, não a pontuação de uma degustação.
  • Crie experiências memoráveis: O sabor de um vinho pode durar alguns instantes, mas a memória dessa experiência pode durar para sempre. Cada interação com a sua marca deve ser algo que o cliente irá lembrar.
  • Ouça mais do que fala: Em vez de se concentrar apenas na qualidade, ouça o que as pessoas gostam no seu vinho. As respostas delas podem ajudá-lo a entender como melhorar ou evoluir. 
  • Seja constante, não perfeito: as preferências não têm a ver com a excelência perfeita, mas com a constância. Ser um “favorito” significa ser uma presença confiável, que não precisa ser perfeita para ser amada.
  • Construa uma comunidade: as pessoas não querem apenas comprar uma garrafa, elas querem fazer parte de algo. O vinho que se torna o “favorito” é frequentemente aquele que une as pessoas, que cria oportunidades de compartilhamento.
A chave está no relacionamento, na autenticidade e na capacidade de criar algo que as pessoas não esquecem. A corrida para ser o melhor é um desafio sem fim, mas tornar-se o favorito significa ter conquistado um lugar especial na vida das pessoas, e isso não tem preço. O futuro do vinho não pertence àqueles que correm atrás de pontuações, mas àqueles que conseguem ser o vinho que as pessoas querem consumir, o vinho que lhes lembra algo importante.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

AS MULHERES SEMPRE MAIS PROTAGONISTAS NO MUNDO DO VINHO

Durante décadas, as maiores casas de champanhe confiaram sua identidade enológica a homens capazes e estimados que, na função de chef de cave, eram guardiões das tradições e exerciam um controle absoluto sobre a assemblagem, a visão criativa e a evolução da gama. Hoje, sem proclamações nem atalhos, uma nova geração de mulheres lidera as equipes enológicas das quais dependem a interpretação das safras e a continuidade estilística das cuvées d'assemblage, mas também sua inovação. Mas a recente conquista do título de chef de cave pelas mulheres da Champagne não é nem uma inversão de tendência instrumental nem uma revolução cultural imposta de fora: é uma transformação amadurecida dentro da cadeia produtiva, baseada na competência, na experiência e no número cada vez maior de jovens que escolhem os estudos enológicos para construir seu futuro profissional.

Vamos agora contar algumas dessas histórias de sucesso,  para compreender como o mundo do vinho está evoluindo e se afastando progressivamente dos estereótipos impostos por aquele patriarcado latente que impedia as mulheres de assumirem o papel de liderança nas vinícolas, especialmente na região de Champagne. Julie Cavil, chef de cave da Krug desde janeiro de 2020, ingressou na maison em 2006, após se formar em enologia em Reims e se aperfeiçoar na equipe técnica da Moët & Chandon. Durante 14 anos, trabalhou ao lado de Eric Lebel, participando nas degustações das mais de 250 parcelas que todos os anos compõem o mosaico sensorial do qual nascem os champanhes da maison. A passagem do testemunho ocorreu de forma progressiva e, hoje, é ela quem dá continuidade ao sonho do fundador Joseph Krug, recriando todos os anos a máxima expressão da generosidade da Grande Cuvée. Desde outubro de 2020, Séverine Frerson está à frente da Perrier-Jouët, a primeira mulher em dois séculos a ocupar o cargo de chef de cave da maison. Após se formar em enologia em Reims em 2001 e ingressar na Piper-Heidsieck no mesmo ano, ela assumiu a direção técnica da maison em 2018, para então chegar à Perrier-Jouët em 2020, onde trabalhou por um ano ao lado de Hervé Deschamps, histórico guardião do estilo floral da maison. Sua assinatura se destaca por uma abordagem refinada e moderna, com dosagens e assemblagens mais adaptadas às mudanças climáticas, fruto de uma abertura decidida para práticas de viticultura regenerativa e sustentável. Talentosa e determinada, Alice Tétienne é chef de caves da Henriot, nomeada em 2020, com apenas trinta anos, após uma trajetória iniciada em 2014 no Centre Vinicole Nicolas Feuillatte e consolidada em 2015 na Krug, onde ocupou o cargo de responsável pelos vinhedos e foi membro do comitê de degustação. Formada em enologia pela Université de Reims em 2015, recebeu no mesmo ano o Prix de l'Innovation, destacando-se por uma abordagem analítica aplicada à leitura do terroir. Alice Tétienne é hoje a única profissional a ocupar conjuntamente a dupla função de chef de cave e diretora da vinha, e em 2024 foi nomeada Directrice Générale Adjointe da maison. Entre as mais belas evoluções estilísticas atribuíveis a uma mulher vistas recentemente, pode-se citar a lufada de frescor e precisão trazida por Nathalie Laplaige à maison chalonnaise Joseph Perrier. Tornada chef de cave em 2017, após 11 anos como enóloga na Canard-Duchêne, ela trouxe para a Joseph Perrier uma abordagem moderna, orientada para a vinificação parcelar, com um uso mais cuidadoso da madeira e uma redução significativa da dosagem. Sua visão é precisa, coerente com o posicionamento da maison e com a nova visão de Benjamin Fourmon para a maison da família.

Ao lado dessas figuras hoje bem visíveis no panorama das grandes maisons, há nomes que merecem ser lembrados por seu papel pioneiro. Monique Charpentier foi a primeira mulher a ocupar o cargo de chef de cave em uma grande maison de Champagne: era o ano 2000 e, após quase 20 anos de experiência nos laboratórios da Moët & Chandon, ela foi chamada para dirigir a produção da Mercier. Formada em enologia em 1984, ela conduziu pesquisas sobre maloláticas e cepas de levedura para fermentação, acumulando um profundo conhecimento técnico, amadurecido longe dos holofotes. Em 2005, Sandrine Logette-Jardin também assumiu a direção técnica da Duval-Leroy, após ingressar na empresa em 1991 como responsável pela qualidade. Sua visão se destaca pelo rigor analítico e pela capacidade de gerenciar a complexidade da produção moderna, com especial atenção ao equilíbrio entre método científico e identidade estilística. Hoje, ela supervisiona toda a cadeia técnica da maison, assinando um estilo coerente, sólido e bem identificável. Esta panoramica se encerra com um caso singular: o de Elisabeth Sarcelet e Carine Bailleul, que compartilham o cargo de chef de cave em Castelnau. Sarcelet ingressou na empresa em 2002 como diretora técnica, enquanto Bailleul chegou em 2003. Após anos de trabalho em estreita colaboração, em 2021 foi formalizada uma dupla liderança, inédita no panorama champenois. Em um contexto em que o estilo de uma maison é frequentemente confiado a uma única assinatura, o trabalho em conjunto das duas representa um modelo organizacional alternativo e perfeitamente funcional.

Em Champagne, portanto, as mulheres hoje não ocupam uma “cota rosa”, elas ocupam um papel que conquistaram com competência, experiência e perseverança.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

PROSECCO - DESVENDANDO O ESPUMANTE MAIS PRODUZIDO NO MUNDO

Nesta postagem vamos falar um pouco mais do espumante que, sozinho, respresenta mais de 30% de todos os espumantes produzidos no mundo, com aproximadamente 1 bilhão de garrafas.

Tecnicamente o Prosecco é um vinho espumante produzido no Veneto e Friuli Venezia Giulia, com seu berço na comuna de Conegliano Valdobbiadene. O vinho é produzido com a uva Glera (mínimo 85%) e vinificado utilizando o método Charmat. Desde 2020, o Prosecco Rosé também se juntou à família. Produzido com Glera e um toque de Pinot Noir, este espumante rosado deve passar pelo menos 60 dias sobre as borras, conferindo-lhe mais textura e requinte do que o Prosecco padrão. 

A maioria dos vinhos Prosecco é produzido seco, estilo brut. No entanto, devido aos sabores frutados das uvas, como maçã verde, melão, pêra e madressilva, eles geralmente parecem mais doces do que realmente são. Apesar da tipologia Brut ser a mais produzida os consumidores apreciam mais a versão extra-dry por incorporar aquele toque mais suave no paladar que condiz com as características aromáticas do vinho. Seguem abaixo as classsificações dos Prosecco em relação ao açúcar residual:

  • BRUT: 0 até 12 g/l.
  • EXTRA DRY: de 12 a 17 g/l.
  • DRY: de 17 a 32 g/l.

O Prosecco deve ser servido frio (3–7 °C). A maioria concorda que uma taça tulipa espumante é a melhor para servir Prosecco. É alta e esguia, o que ajuda a preservar a delicadeza das bolhas por mais tempo. Dito isso, muitos profissionais do vinho agora preferem taças tulipa ou mesmo taças de vinho branco para Prosecco de alta qualidade, pois elas captam melhor os aromas e a complexidade do vinho.

O Prosecco é surpreendentemente versátil e combina bem com uma grande variedade de cozinhas e pratos. É um vinho que pode ser servido como aperitivo (antes da refeição), mas também acompanha bem o prato principal. A ideia por trás da combinação do Prosecco é usá-lo como um "limpador do paladar" junto com alimentos de intensidade média (pratos de frango, tofu, camarão ou porco). Devido aos seus aromas doces e bolhas, o Prosecco combina bem com pratos picante e cozinha do sudeste asiático, incluindo pratos tailandeses, vietnamitas, de Hong Kong e de Cingapura. O Prosecco também combina bem com pratos salgados, oleosos ou fritos, como fritto misto, arancini e tempura, bem como com os frios italianos italianas, como prosciutto di San Daniele e de Parma.

Quanto as diferentes opções de denominações e qualidade do Prosecco, abaixo as principais diferenças e características de cada uma:

    • PROSECCO DOC: representa a base da pirâmide qualitativa do Prosecco. È, sem sombra de dúvida, o mais produzido (650 milhões de garrafas) numa superfície de aproximadamente 24.000 ha incluíndo nove províncias do Veneto e Friuli Venezia Giulia;
    • PROSECCO CONEGLIANO VALDOBBIADENE SUPERIORE DOCG: as uvas são provenientes de uma área de cultivo menor e mais concentrada entre Valdobbiadene e Conegliano, nas colinas, que produz vinhos Prosecco com alta concentração. A partir de 2023, o Conegliano Valdobbiadene Prosecco Superiore DOCG introduziu as MGAs oficiais (Rive) — 43 áreas específicas que os produtores podem incluir nos rótulos para destacar terroirs distintos, muito semelhante ao sistema cru da Champagne;
    • ASOLO PROSECCO DOCG: do outro lado do rio que corta a região de Conegliano-Valdobbiadene, encontra-se uma área mais montanhosa, mas menor em tamanho, que produz vinhos excelentes com padrões de alta qualidade. Os vinhos são rotulados como Asolo Prosecco na garrafa (anteriormente a denominação era Colli Asolani);
    • PROSECCO CONEGLIANO VALDOBBIADENE SUPERIORE RIVE DOCG: espumantes produzidos em comunas ou vinhedos específicos dentro da região de Conegliano-Valdobbiadene. Existem 43 comunas que podem ter o seu nome no rótulo;
    • VALDOBBIADENE SUPERIORE DI CARTIZE DOCG: Uma microrregião de apenas 216 ha. nos arredores de Valdobbiadene (na direção oeste). Muitos consideram esta uma das melhores regiões produtoras de Prosecco do mundo.
A região de Conegliano-Valdobbiadene é um conjunto de colinas verdes cobertas por vinhedos de uma beleza impressionante. Chove bastante aqui e, como resultado, os melhores vinhedos geralmente ficam em encostas voltadas para o sul, com boa drenagem e ventos suaves que secam as uvas após a chuva diária. O Prosecco tem uma história de cerca de 300 anos aqui (embora os estilos anteriores fossem provavelmente menos espumantes). Em 2019, a paisagem vinícola de Conegliano Valdobbiadene foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO, atraindo a atenção global para a importância cultural e histórica da região e tornando-a um ponto de referência para o enoturismo.

Aqui como em outros lugares do mundo os produtores também estão enfrentando as mudanças climáticas; as colheitas estão ocorrendo mais cedo e o controle da acidez tornou-se fundamental. Em resposta a isso, muitas propriedades estão adotando a viticultura sustentável e orgânica, especialmente nas encostas íngremes e propensas à erosão de Valdobbiadene.


segunda-feira, 11 de agosto de 2025

PINOT GRIGIO DELLE VENEZIE AGORA COM MENOS ALCOOL

A denominação Pinot Grigio delle Venezie introduziu uma tipologia com menor alcoól, cujo teor alcoólico deve estar entre nove e um máximo de onze por cento em volume. O nome da versão mais leve ainda está em discussão. O Consorzio di tutela adapta, assim, as regras de produção aos novos hábitos de consumo, para atrair principalmente os jovens amantes do vinho.
“O Pinot Grigio tem – pelo menos nos EUA – um público fiel entre os chamados Boomers, que não queremos perder. Mas hoje isso não é mais suficiente”, escreve o consorzio. Especialmente nos EUA, a demanda por vinhos com menor teor calórico é alta.
Na prática o teor alcoólico deve ser reduzido ainda no vinhedo e não através de intervenções tecnologicas na cantina. Isso significa que a vindima deve ser antecipada de alguns dias para obter vinhos com dois o tres pontos porcentuais a menos. Alguns produtores já experimentaram esta solução fora da área de produção da DOC. Apesar da mudança de perfil aromático em comparação as uvas colhidas mais tarde, o caráter principal do vinho não deve mudar.
A DOC delle Venezie produz o 85% do Pinot Grigio da Itália e o 43% da produção mundial. Com uma superfície plantada de 27.000 ha. e uma produção de 230 milhões de garrafas/ano a cadeia produtiva inclui 6.141 viticultores, 575 cantinas e 371 engarrafadores.
A introdução de vinhos com graduação alcoólica reduzida é em fase de debate em várias denominações italianas. O Consorzio di tutela do Chianti está avaliando um vinho mais leve, com nove/dez porcento em volume. "Atualmente ainda não tomamos decisões concretas" afirmou o presidente do Consorzio "mas se tratando de uma das denominações de vinho tinto mais importantes da Itália não podemos não considerar esta oportunidade comercial"

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

NA ITÁLIA ESTÁ CHEGANDO O ALCOLOCK

O vice-primeiro-ministro e ministro das Infraestruturas e Transportes, Matteo Salvini, anunciou ontem ter assinado o decreto que define as características e as modalidades de instalação do dispositivo alcolock, o sistema que funciona como um bafômetro e impede a partida do veículo se o motorista, uma vez sentado no carro, não passar no teste do bafômetro por apresentar um valor fora do padrão. Nos carros onde ele for instalado, o motor só ligará se e quando o nível de álcool for igual a zero. O objetivo principal, como reitera o Ministério, “é desencorajar a condução sob o efeito do álcool e aumentar a segurança nas estradas” com “uma medida fundamental para os reincidentes, que só poderão conduzir veículos nos quais esse dispositivo estiver instalado”.

O novo Código da Estrada, que entrou em vigor em 14 de dezembro de 2024 e cuja novidade mais significativa é o alcolock (enquanto os limites para as sanções não mudaram em relação aos já estabelecidos em 2010, ou seja, abaixo de 0,5 de taxa de alcoolemia, ou seja, gramas de álcool por litro de sangue, não há, exceto para os novos motoristas e algumas categorias profissionais, depois vai de 0,5 a 0,8 para uma primeira faixa, até 1,5 para outra faixa e mais de 1,5 para a última “alíquota”,), torna obrigatória a instalação para os motoristas já multados por dirigir com um nível de álcool no sangue superior a 0,8 g/l por um período de 2 anos após a suspensão da carteira de habilitação por 6 meses a 1 ano; se, por outro lado, o nível de álcool no sangue ultrapassar 1,5 g/l, a obrigatoriedade de instalação do alcolock será de 3 anos, após a suspensão da carteira de habilitação por 1 a 2 anos, determinada pelas autoridades policias. Quem violar as prescrições relativas ao uso do alcolock arrisca-se a multas de 158 a 638 euros, suspensão da carteira de habilitação por 1 a 6 meses, duplicação das multas em caso de alteração, adulteração ou ausência do dispositivo, e todas as multas serão aumentadas em um terço se o motorista que não providenciou a instalação for também flagrado dirigindo embriagado.

O decreto assinado pelo Ministro Salvini fornece diretrizes precisas às oficinas autorizadas para a montagem e aos usuários. Em particular, estabelece que o alcolock pode ser instalado em diferentes categorias de veículos destinados ao transporte de pessoas e mercadorias e deve respeitar as normas da legislação da União Europeia. Estão previstas obrigações específicas para os fabricantes, que deverão fornecer instruções detalhadas para a instalação, uso e manutenção.

Os instaladores autorizados terão um papel crucial, devendo aplicar um selo especial para impedir qualquer tentativa de adulteração. Em caso de controlos rodoviários, o condutor deverá apresentar o original da declaração de instalação e o certificado de calibração válido do dispositivo. Alguns profissionais do setor, peritos e lanterneiros em particular, já haviam expressado dúvidas sobre essa medida contida no novo código de trânsito, como a Federcarrozzieri, que lembrou que “o parque automotivo italiano é notoriamente muito antigo, com quase 22% dos carros em circulação com mais de 19 anos. Existe, portanto, o risco concreto de que em muitos carros particularmente antigos seja tecnicamente impossível instalar o alcolock”. Por último, mas não menos importante, a questão do preço a cargo do motorista condenado por dirigir embriagado: o custo estimado da instalação é de cerca de 2.000 euros, aos quais devem ser adicionados os custos dos bocais descartáveis, da manutenção e das inspeções periódicas.



quarta-feira, 6 de agosto de 2025

ACORDO UE-MERCOSUL PARA OS VINHOS

Com o consumo global de vinho em declínio e as tensões comerciais se agravando, a indústria vinícola da União Europeia está pressionando Bruxelas para que tome medidas resolutivas. O acordo UE-Mercosul, há muito tempo parado, pode ser uma tábua de salvação para os produtores que buscam um crescimento estável das exportações para a América Latina.

O Comité Européen des Entreprises Vins (CEEV), o órgão central que representa os produtores de vinho europeus, lançou um forte apelo à ação: a Comissão Europeia deve adotar e ratificar imediatamente o acordo comercial UE-Mercosul. Em discurso proferido em Bruxelas no dia 25 de junho, a presidente do CEEV, Marzia Varvaglione, definiu o acordo como essencial em uma época de declínio estrutural do consumo e riscos geopolíticos crescentes. “A tarifa brasileira de 27% é um grande obstáculo para a competitividade das nossas empresas”, afirmou o secretário-geral da CEEV, Ignacio Sánchez Recarte. O acordo promete eliminar essas barreiras, facilitar os procedimentos de importação e, acima de tudo, proteger as Indicações Geográficas (IG) da UE num mercado muitas vezes negligenciado pelos viticultores europeus. Considerando que, em 2024, as exportações de vinho da UE para o Brasil representaram pouco mais de 206 milhões de euros, apenas 1% do total das exportações de vinho do bloco, o potencial de crescimento é evidente. “Não podemos perder esta oportunidade”, acrescentou Recarte.

Apesar de sua vasta população e do crescimento da classe média, o Brasil continua sendo um mercado pouco explorado pelos exportadores de vinho europeus. Isso não se deve à falta de demanda, mas às tarifas punitivas e às formalidades de importação onerosas que tornam nossos vinhos pouco competitivos em relação aos produtores do Novo Mundo, especialmente Argentina e Chile. O acordo do Mercosul nivelaria o campo de jogo. Ele propõe não apenas uma redução das tarifas, mas também um quadro moderno que alinha as práticas enológicas e salvaguarda o complexo e culturalmente significativo sistema de IG da UE, um elemento fundamental da identidade vinícola europeia.

 Vale lembrar que o Brasil já é um mercado consumidor promissor para o vinho, com um interesse interno crescente por rótulos importados e de qualidade. 

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

VALPOLICELLA, UM TERRITÓRIO EM EQUILÍBRIO ENTRE DEMANDA E MERCADO

Mês passado foi apresentado no palazzo Ferro Fini de Venezia, sede do Conselho regional do Veneto, o " Relatório anual Valpolicella 2025" dossiê socio economico elaborado pelo Consorcio de produtores da Valpolicella onde se evidencia que, apesar do mercado do vinho em geral, e especialmente o dos tintos, não estar passando por um período de prosperidade, algumas denominações e territórios estão vivendo uma época de relativa estabilidade. È o caso do Valpolicella, um dos territórios mais prestigiosos no panorama vitivinicola italiano, cujo faturamento anual fica muito próximo aos 600 milhões de Euros/ano com uma superfície plantada praticamente estável (8.621 ha) distribuídos entre 19 comunas da província de Verona e uma produção entre Valpolicella e Valpolicella Ripasso Doc, Amarone e Recioto della Valpolicella Docg de mais de 59 milhões de garrafas em 2024 (-3% em comparação ao ano anterior). Está aumentando a superfície plantada "green" que, com quase 3.600 ha., representa mais do 41% de todo o território produtivo.

O equilíbrio entre demanda e oferta com as consequentes medidas de contenção implementadas pelo orgão de tutela (Consorzio) está ditando as regras não escritas no território mais importante de produção de vinhos tintos do Veneto que, no ano passado, viu as garrafas de Amarone caírem a 13,9 milhões, com uma diminuição de -2,2% em comparação ao 2023. Um número que está bem longe do recorde de produção do ano 2019 (quase 19 milhões de garrafas), mas que está alinhado a atual realidade do mercado. A Doc Valpolicella Ripasso também está em contração, apesar das mais de 18 milhões de garrafas produzidas em 2024 (8% em comparação ao 2023). A única denominação do território que registra um aumento da produção é a Valpolicella Doc, que graças a própria versatilidade de consumo em todas as estações do ano e as inúmeras possibilidades de harmonização, registrou um aumento de 5% em comparação ao 2023 (aproximadamente 17 milhões de garrafas).

"Conscientização e planejamento são as palavras chaves que definem o escopo de atuação do Consorzio em um contexto de desafios crescentes" afirmou o Presidente Christian Marchesini. "Temos a responsabilidade de preservar ao máximo a saúde financeira das empresas e da denominação, que gera um faturamento de 600 milhões de Euros. O relatório anual nos mostra que o caminho trilhado pela organização nos últimos anos, que combina pragmatismo, visão e novos projetos de divulgação, tanto no mercado nacional quanto internacional, é o caminho capaz de resistir e enfrentar a atual crise do setor".

O Relatório evidencia que em 2024 os vinhos da Valpolicella foram comercializados em 87 países representando o 60% da produção total. Na área promocional e de divulgação o Consorzio organizou 40 eventos em 18 Países. Além dos seus mercados históricos (EUA, canada, Norte da Europa, Alemanha, Reino Unido e China) o Consorzio intensificou seus esforços no Japão, Vietnã e Singapura.