quinta-feira, 20 de novembro de 2025

O BORBULHANTE MUNDO DOS ESPUMANTES ITALIANOS

Os espumantes, desde sempre, são sinônimo de comemoração, confraternização e alegria e nada mais justo que dedicar aos espumantes nosso último encontro do ano, para brindar ao novo ano e festejar as metas alcançadas em 2025 que está prestes a terminar.

Seja ele Brut ou Extra Dry, branco ou rosé, elaborado com método Charmat ou Tradicional, o espumante nos acompanha nas ocasiões mais comemorativas de nossas vidas e se torna uma bebida ideal não somente ligadas as festas, mas também ao nosso consumo cotidiano, especialmente durante os meses mais quentes do ano quando, gelado, nos ajuda a combater as temperaturas altíssimas do nosso verão.

Na Itália a produção de espumante cresce a cada ano, se consolidando como a tipologia de vinho de maior sucesso: em 2024, pela primeira vez na história, foi alcançada a marca de 1 bilhão de garrafas produzidas e comercializadas, destacando-se a forte contratendência dos espumantes, não só em relação aos vinhos tranquilos, mas também ao consumo de outras bebidas alcoólicas, desde cerveja até bebidas destiladas.

No próximo dia 11/12 na “nossa” Casa Porcini, que já virou a sede oficial de nossos encontros, a partir das 19.30 falaremos de espumantes italianos, analisando a performance de produção e consumo ao longo dos anos, aprofundando os métodos de produção e suas classificações e evidenciando quais as denominações italianas dos espumantes mais produzidas e de maior qualidade.

Degustaremos dois espumantes elaborados com método Charmat, um rosé e um branco vinificado com a casta pouco conhecida Muller Thurgau, além de um Franciacorta, considerado o espumante italiano método Tradicional de melhor qualidade:

Muller Thurgau Brut Espumante Rivani

Pinot Rosé Extra Dry Espumante Rivani

Franciacorta DOCG Grande Cuvée Alma Brut Bellavista

O custo de participação será de R$ 185,00 para pagamento via Pix (marco@vidarconsulting.com) ou de R$ 195,00 com possibilidade de parcelamento em até 2x no cartão de crédito no link do Mercado Pago a seguir: https://mpago.la/2FUjjXm

VAMOS COMEMORAR JUNTOS!!

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

ESTIMATIVAS DA PRODUÇÃO MUNDIAL DE VINHO EM 2025: ENTRE 225 E 228 MILHÕES DE HECTOLITROS

A produção mundial de vinho, em 2025, está estimada entre 228 e 235 milhões de hectolitros, com uma projeção intermediária de 232 milhões de hectolitros. Trata-se de uma recuperação (+3%) em relação aos baixos volumes de 2024, embora a estimativa da colheita deste ano permaneça cerca de 7% abaixo da média quinquenal. É o que afirma a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), que publicou hoje suas primeiras estimativas anuais sobre a produção mundial de vinho para 2025. Uma colheita ainda baixa, portanto, em comparação com os números de alguns anos atrás (com exceção da Itália), mas isso não é necessariamente um fator negativo em um mercado que tem dificuldade para engatar e com os estoques nas adegas permanecendo altos.

A Itália se confirma como o maior produtor mundial de vinho em 2025 (47,4 milhões de hectolitros, +8% em relação a 2024), à frente da França (35,9 milhões de hectolitros, -1%) e da Espanha (29,4 milhões de hectolitros, -1,4%). Os Estados Unidos estão em quarto lugar (21,7 milhões de hectolitros, +3%), enquanto a Austrália recupera a quinta posição no ranking mundial de produtores de 2025 (11,6 milhões de hectolitros, +11%), à frente da Argentina (10,7 milhões de hectolitros, -1%), que, na 6ª posição, é o maior produtor da América do Sul e precede a África do Sul (10,2 milhões de hectolitros, +16%), o Chile (8,4 milhões de hectolitros, -10%), a Alemanha (7,3 milhões de hectolitros, -6%) e Portugal na 10ª posição (6,2 milhões de hectolitros, -11%).
A OIV destacou que, “apesar dos contrastes regionais, o mercado mundial do vinho deverá permanecer substancialmente equilibrado, uma vez que o crescimento limitado da produção contribuirá para estabilizar os estoques num contexto de enfraquecimento da demanda e de contínuas incertezas comerciais”.
Na União Europeia (a estimativa para a colheita de 2025 é de 140 milhões de hectolitros), a produção aumentou modestamente em relação a 2024 (+2%), mas permanece significativamente abaixo da média quinquenal (-8%). O Velho Continente continua a ser caracterizado por uma elevada variabilidade climática, com a França (-1% em relação a 2024 e -16% na média dos cinco anos) e a Espanha (-6% em relação a 2024 e -15% na média quinquenal) a registarem colheitas muito baixas, ao contrário da Itália (+8% em relação a 2024, +2% na média dos últimos cinco anos). No restante do hemisfério norte, explica a OIV, os resultados foram contrastantes. Os Estados Unidos registraram apenas uma recuperação parcial em relação à baixa safra de 2024 (+3%, mas -9% é a “pontuação” da média quinquenal). O hemisfério sul totalizou 49 milhões de hectolitros e registrou uma recuperação em relação a 2024 (+7%, mas -5% no quinquênio), impulsionada pela melhora das condições na África do Sul, Austrália, Nova Zelândia (3,7 milhões de hectolitros, +32% em relação a 2024 e +15% na média quinquenal) e Brasil, que compensou a queda significativa registrada no Chile.

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

PORQUE SEMPRE MAIS PRODUTORES ESCOLHEM ELABORAR VINHOS COM BLEND DE SAFRAS DIFERENTES?

As mudanças climáticas estão redefinindo práticas e percepções no mundo do vinho. Cada vez mais produtores de qualidade recorrem à blends de safras diferentes (não vintage) para manter constante o estilo dos vinhos diante de ondas de calor, geadas e granizadas. Exemplos concretos vêm dos Estados Unidos, em particular da Napa Valley, e também da Itália (da região de Veneto), mostrando como o blend de safras é hoje uma estratégia operacional e sensorial.

O vinho está historicamente ligado a uma única colheita, mas a realidade das vinhas está mudando: ondas de calor mais intensas, incêndios nas proximidades das vinhas e fenômenos meteorológicos extremos estão aumentando a variabilidade qualitativa entre uma colheita e outra. Para alguns produtores, essa variabilidade é um problema a ser gerenciado, não um valor sagrado. O repórter da BBC News Will Smale, em um artigo recente, relata a experiência emblemática de Chris Howell como diretor técnico da Cain Vineyards: enólogo desde 1991, ele conta que os verões estão ficando cada vez mais quentes, com picos que podem chegar a cerca de 50 °C. Em 2017, devido aos incêndios que afetaram o Vale de Napa durante a colheita, Howell selecionou apenas as uvas colhidas antes do início dos incêndios — cerca de metade — e conseguiu compensar a produção graças à possibilidade de misturar o vinho com safras posteriores, aproveitando o Cain Cuvée, o blend já presente na adega.

Paradoxalmente, o não vintage não é uma novidade absoluta: é a norma para os espumantes, em particular para o champanhe, onde a mistura de safras serviu historicamente para garantir estilo e consistência. Hoje, com o aumento das temperaturas no norte da França, produz-se mais champanhe millésimé (vintage) do que no passado — sinal de que o clima também está redefinindo as hierarquias históricas. 

No campo dos vinhos tranquilos, a inovação italiana de Riccardo Pasqua — que, em 2019, introduziu um branco multivintage elaborado a partir de uvas de sete safras diferentes (2019-2016-2021-2020-2018-2017-2013), batizado de “Hey French (You Could Have Made This But You Didn’t)” — mostra como a mistura pode se tornar uma ferramenta de expressão da vinícola, e não apenas uma solução provisória. As uvas deste Bianco Veneto IGT, além de serem de várias safras, provêm de vinhedos localizados em diferentes áreas do lado veronês do Monte Calvarina, na parte mais oriental da denominação Soave. Pasqua fala do blend como um “livro” que se enriquece com capítulos: usar várias safras significa compor uma narrativa sensorial mais ampla do terroir.

De acordo com a Master of Wine Dawn Davies, o mercado divide-se em três segmentos: aqueles que não prestam atenção à safra (consumidores do mercado de massa), aqueles que estão muito ligados a uma única safra (segmento intermediário) e aqueles — profissionais e conhecedores — que compreendem as razões técnicas e qualitativas por trás do não vintage. O ponto prático é que a maioria dos vinhos já é resultado de múltiplas misturas: a novidade é a extensão temporal da mistura, não a técnica em si.

A resistência surge de fatores culturais e de marketing: a safra é um símbolo de autenticidade, memória e narrativa comercial. Mudar essa percepção levará tempo — e transparência sensorial por parte dos produtores —, mas o argumento técnico é sólido: o blend pode garantir consistência, proteger o caráter da empresa e mitigar os riscos associados a eventos extremos.

A mistura de diferentes safras está se tornando uma estratégia prática e, para muitos, inevitável na era das mudanças climáticas. Não se trata de eliminar a cultura da safra, mas de integrar novas ferramentas para preservar um estilo e uma qualidade que o clima torna cada vez mais difíceis de garantir com abordagens rígidas. Os casos da Cain Vineyard & Winery em Napa e da Pasqua em Verona mostram que a escolha já é concreta: para alguns, trata-se de uma adaptação técnica; para outros, uma nova maneira de contar a história do território.

Se o objetivo é manter uma identidade sensorial sustentável ao longo do tempo, a mistura de safras está destinada a entrar definitivamente no vocabulário técnico e comercial do vinho — desde que os produtores e a comunicação saibam explicar por que e o que se ganha em termos de qualidade e resiliência.