quinta-feira, 19 de junho de 2025

BRASIL LIDERA IMPORTAÇÕES DE VINHOS E ESPUMANTES NA AMERICA LATINA

No dia 24 de Fevereiro foi realizada em São Paulo a nona edição da Adega Ideal, o mais relevante congresso profissional do mercado de vinhos no Brasil onde foi traçada uma análise detalhada do setor com destaque para a marca expressiva de US$ 500 milhões de importações em 2024. No último ano, as importações de vinhos na América Latina cresceram 8%, um número que amplia o interesse dos produtores internacionais, especialmente diante da queda de consumo na Europa, dos desafios na Ásia e da estabilidade do mercado nos Estados Unidos. Esse crescimento incentiva o aumento das metas de exportação para a região, com destaque para o Brasil, que registrou um avanço de 10% (subindo de US$ 468.867.679,4, em 2023, para US$ 518.216.136,7, em 2024), a República Dominicana, com 20% (indo de US$ 72.995.546,4, em 2023, para US$ 88.063.956,7, em 2024), enquanto o México manteve um desempenho estável, com uma variação de 1,2% de um ano para outro.

Christian Burgos, CEO da Revista Adega e diretor da ProWine São Paulo, afirmou que ““Quando se trata do Brasil, é evidente que muitos produtores e associações estão direcionando grandes investimentos para o país. Sempre me perguntei se essa estratégia fazia sentido e se o mercado realmente responderia a tanto investimento. A resposta que ouvi foi clara: ‘Não há outro lugar para colocar’. Ou seja, apesar dos desafios, o Brasil se destaca como uma das melhores opções de investimento e atenção no cenário atual. Ainda assim, o país não garante que o mercado responderá positivamente a todos que optarem por investir nele”. O CEO da Revista Adega ressaltou um ponto importante sobre o aumento do investimento das ONGs, especialmente da União Europeia e o assédio dos produtores. Segundo ele, embora isso aumente a pressão, pode ser positivo, principalmente quando se trata de ações de marketing financiadas por esses recursos, que ajudam a divulgar o vinho sem onerar diretamente o bolso do importador, beneficiando o mercado como um todo. No entanto, a expectativa em relação aos números muitas vezes é irreal. Burgos mencionou que, apesar de muitos acreditarem que o grande desafio para o vinho seja o movimento antiálcool, esse fenômeno ainda não se materializou de forma significativa no Brasil ou na Europa. Desde o pós-guerra, o consumo de vinho tem caído nos países produtores, especialmente com a urbanização e a perda da bebida como fonte de calorias no trabalho rural. Já o varejo nacional tem buscado maior profissionalização e controle de estoques, enquanto os produtores, especialmente os chilenos, enfrentam a necessidade de reorganizar suas estratégias de plantio e comercialização. O mercado está em um momento de transição, onde a consolidação e o planejamento estratégico serão fundamentais para um crescimento sustentável.

Já Felipe Galtaroça, CEO da Ideal Consulting, mediador do seminário, ressaltou que “Ao analisar o mercado brasileiro, estimamos seu tamanho considerando volumes comercializados (sell-in) e preço médio de varejo (retail). O vinho de mesa apresenta o menor preço do mercado. Além disso, algumas marcas adotam estratégias tributárias diferenciadas para ampliar sua distribuição nacional, especialmente nesse segmento”. Com a redução do poder de compra da população, o vinho de mesa se torna uma alternativa acessível ao consumidor, que muitas vezes não distingue entre vinhos de uvas viníferas e americanas. Paralelamente, observa-se uma reconfiguração do segmento, com uma valorização que tem reposicionado até mesmo os vinhos de entrada como itens de luxo. Os dados também revelam oportunidades no varejo. O vinho importado representa 60% do mercado em valor, com preço médio de R$ 53,70. No varejo, essa média cai para R$ 36,00. Já os vinhos nacionais têm forte presença no autosserviço, mas ainda precisam expandir sua distribuição para canais especializados e on-trade, como bares e restaurantes. O espumante brasileiro, por exemplo, cresceu de 25 para 37 milhões de litros nos últimos anos, demonstrando um potencial de valorização.

Diante desse cenário, a indústria nacional enfrenta o desafio de consolidar sua presença e ampliar sua participação em segmentos de maior valor agregado. O fortalecimento das estratégias comerciais e a adaptação às novas dinâmicas do varejo serão determinantes para o crescimento sustentável do setor.

PRINCIPAIS INSIGHTS DA NONA EDIÇÃO DO SEMINÁRIO ADEGA IDEAL

Ø  Em 2024, o Brasil e o México foram os principais importadores da América Latina, respondendo por 42% e 26% do mercado, respectivamente. O crescimento total das importações na região foi de 7,7% em relação a 2023;

Ø  O mercado de vinhos importados no Brasil apresentou um crescimento significativo, com destaque para o Chile, que registrou um aumento de 16% em volume e conquistou três pontos percentuais de quota de mercado, atingindo 35%. Itália e Portugal tiveram um desempenho positivo com um crescimento de 10% e 9% nas importações, respectivamente;

Ø  Com base nos dados da sell-in e considerando um aumento nos estoques do mercado brasileiro, resultante de um crescimento no abastecimento – impulsionado principalmente pelas importações – que não acompanhou o sell-out do varejo (principal canal de vendas da categoria), estima-se que parte desse montante esteja estocado em importadoras e distribuidoras;

Ø  No ano passado, o mercado brasileiro de vinhos e espumantes movimentou cerca de R$ 19 bilhões, equivalentes a 0,2% do PIB nacional;

Ø  Pelo quarto ano consecutivo, o mercado de espumantes brasileiro apresenta crescimento. No último ano, o volume totalizou 37,2 milhões de litros, 2% acima de 2023 e quase 40% superior ao volume de 2019;

Ø  As importações de vinhos e espumantes no Brasil alcançaram um novo patamar histórico em 2024, com um total de 17,7 milhões de caixas de nove litros. Esse volume representa um aumento em relação ao recorde anterior, registrado em 2021, quando foram importados 17,6 milhões de caixas.


Nenhum comentário:

Postar um comentário