Antes de entrar no detalhe de questões relativas aos vinhos vamos tentar tirar as duvidas a respeito dos significados de Novo Mundo e Velho Mundo.
Obviamente são duas posições antitéticas, de um lado temos o Novo Mundo, ou seja o lado do mundo que coincide com as Américas e suas ilhas próximas, ou seja o continente que era NOVO para o europeus. Em contraposição temos o Velho Mundo que é identificado como as partes das terras conhecidas antes das viagens de Cristovão Colombo e, normalmente, indicam os continentes da Europa, Ásia e Africa.
Se levamos esta diferenciação à área vinícola podemos identificar como vinhos do velho mundo os da Europa, (Itália, França, Espanha,Portugal, Grécia, etc.), já os do novo mundo da Califórnia, Argentina, Chile, Brasil, aí incluindo também Austrália, Nova Zelândia.
Não falaremos aqui se uns são melhores do que os outros, esta avaliação será deixada a cargo do leitor até porque, como sempre falo, cada um tem um paladar diferente e que mais se identifica com as características de produção de cada casta e de cada região: meu intuito é evidenciar as principais características de cada bloco de modo que vocês façam as devidas análises na hora da escolha do vinho a ser consumido.
VELHO MUNDO é sinônimo de tradição que está presente na produção das uvas, na elaboração do vinho e na fase de amadurecimento: aqui cada vinho tem uma história para contar com padrões de qualidade rígidos e leis vinculantes que devem ser obedecidas. A palavra chave para tudo isso é terroir: um conceito até poucos anos atrás muito difícil de ser exemplificado e que a OIV (Organização Internacional do Vinho e da Videira) definiu como a relação, quase mística, entre solo, clima e interação humana com a planta. É, portanto, a palavra chave que representa quase todos os fatores primordiais nas produções dos vinhos do Velho Mundo, e esta interação é que permite, junto as Denominações de Origens, que o objetivo seja a obtenção da melhor matéria prima possível para o produção do produto acabado VINHO. Deste jeito o produto final é um vinho cuja características são:
- Grande equilíbrio entre aromas, sabor e texturas;
- Sabores intensos;
- Taninos macios;
- Colorações elegantes e longevas;
- Boa acidez;
- Complexidades de aromas, e
- Elevada identidade regional do cultivo.
Outra característica importante e de destaque dos vinhos do Velho Mundo são os rótulos: notadamente mais bem cuidados e de maior tradição estética, as informações que constam neles raramente remandam as uvas, mas tem muito mais a ver com as áreas de cultivo das mesmas e suas denominações de origens. O vinculo entre o território e o vinho é um dos pilares dos vinhos do Velho Mundo em que o terroir é parte indivisível e onde, para se enquadrar em uma denominação de origem específica, precisa respeitar à risca regras muito restritas.
Deste jeito temos na França as regiões de Bordeaux, Borgonha, Cotes du Rhone, Languedoc-Russillon, Champagnes com as próprías denominações (AOC, Vin de Pays e Vin de Tables), na tália as regiões do Piemonte, Veneto, Toscana, Puglia, Sicilia, etc. com as próprias denominações (Docg, Doc, Igt e vini da Tavola), na Espanha as regiões de Rioja, Ribera del Duero, Priorat, Rias Baijas e Penedés com as próprias denominações (DOCa. DO, Vino de la Tierra e Vino de Mesa) e no Portugal as regiões de Douro, Madeira, Minho, Alentejo com as próprias denominações (IPR, Vinhos Regionales e Vinhos de Mesa).
NOVO MUNDO se identifica mais com inovação: a maioria dos países pertencentes a este bloco foi descoberto e colonizado por europeus e foram eles que levaram as videiras para cultivo, mas devido as características do clima e dos solos se desenvolveram novas técnicas de cultivo que as do velho Mundo que geraram vinhos diferentes. A elaboração dos vinhos no Novo Mundo une parte da tradição dos países europeus com a inovação e a tecnologia inovadora necessária a adaptação das videiras, por isso podemos afirmar, em termos gerais, que os vinhos do novo mundo são mais versáteis e mais "comerciais", já que conquistaram em um breve espaço de anos os gostos dos novos consumidores internacionais ( de 20 à 29 anos) que preferem um vinho mais jovem, onde os aromas frutados sejam mais marcantes, com cor intensas e graduação alcoólica acima de 12,5%. Deste jeito podemos concluir que os vinhos do Novo Mundo possuem as seguintes características:
- Textura mais macia;
- Maior teor alcoólico;
- Menor acidez;
- Evidenciadas notas de carvalho;
- Colorações mais intensas e concentradas, e
- Sabores mais frutados.
As embalagens também evidenciam a jovialidade destes vinhos, especialmente nos rótulos que são menos "barrocos" e mais coloridos que os do Velho Mundo, com a grande diferença que, enquanto nos países da Europa o destaque se da na Denominação de Origem, os países pertencentes ao Novo Mundo ressaltam no rótulo o nome da casta principal com que o vinho é produzido (normalmente a maioria dos vinhos são varietais, ou seja uma única casta contribui de 75 à 85% com o blend do vinho) e só marginalmente na Denominação, até porque na maioria destes países as denominações são mais voltadas a enfatizar uma ferramenta comercial. Deste jeito temos na Argentina vinhos com Malbec, Bonarda e Torrontés, no Chile a Carmenere, Cabernet Sauvignon e Chradonnay, no Uruguay a Tannat, na Austrália Shiraz e Sauvignon Blanc, na Áfriva do Sul Pinotage e Shiraz.
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