terça-feira, 22 de maio de 2018

VINHOS PORTUGUESES - EXPORTAÇÕES 2017

As exportações de vinhos do Portugal, após 3/4 anos de relativa estabilidade, deram o pulo do gato e ano passado cresceram 8% alcançando o valor de 778 milhões de Euros, conforme mostra a tabela abaixo:


Como pode-se notar os principais responsáveis para esta guinada das exportações são mercados de menor importância no contexto mundial do consumo, como Angola, Brasil e China cuja exportações crescem, respectivamente, 40, 53 e 24%.
O principal mercado, em valor, para o Portugal continua sendo a França que ano passado importou vinho português por 110 milhões de Euros, enquanto o mercado da Inglaterra e dos EUA, segundo e terceiro no ranking, sobem 5%, com a diferença que o mercado americano cresce de maneira continua de 2012, com uma média de 9%, razão pela qual se pensa que já em 2018 os EUA serão o segundo mercado das exportações de vinhos portugueses. Cresce também o mercado alemão +6% mas os únicos mercado que registram um crescimento de dois dígitos são Angola (+40%), Brasil (+53%), Espanha (+19%) e China (+24%).


Quando analisamos as exportações em volume verificamos que os maiores mercados são os da Europa com França, Espanha, Alemanha e Inglaterra nas primeiras 4 posições e com omente a Espanha que registra uma diminuição de volumes importados em comparação a 2016 (-7%).
Angola registra um aumento de 58% apesar de ter tido, ao longo dos anos anteriores, trends muito voláteis, Brasil aumenta 47% com média anua dos últimos 5 anos de 12%, maior aumento entre todos os países contemplados na pesquisa e China cresce 34% mas com volumes totais abaixo de 100 mil hectolitros.

terça-feira, 15 de maio de 2018

AUMENTO DOS PREÇOS DOS VINHOS A GRANEL NA ITÁLIA

Como era amplamente previsível a diminuição no volume de produção da última safra combinado com volumes de estoques baixos nas cantinas (-8% em março 2018 em comparação com janeiro deste ano), estão pressionando os preços dos vinhos italianos que, inevitavelmente, a frente de uma demanda estável, aumentam. 
Quanto aos vinhos comuns estamos falando de um aumento de +120% em comparação a Abril 2017 para os vinhos brancos entre 12 e 13 graus de álcool, e de +74,7% para aqueles entre 9 e 11 graus. Mesma tendência para os tintos, mesmo que com variações mais atenuadas: +52,2% para os entre 11 e 13 graus, enquanto aqueles entre os 9 e 11 graus aumentaram 73,4%
Os aumento são importantes mesmo quando analisamos os principais vinhos DOP brancos: Prosecco Conegliano Valdobbiadene Docg (+11,5%), Gavi e Cortese di Gavi (+5,5%), Trento Pinot nero para base dos espumantes (+12,8%), Oltrepò Pavese Chardonnay (+79,6%), Prosecco Doc (+18,9%), assim como Roero Arneis (+23,5%), Marsala (+15,6%), Asti Moscato (+6,3%) e Soave (+31,45).
Os preços dos DOP tintos também aumentam: Brunello di Montalcino (+5,4%) cotado a 10,65 Euro/litro, barbaresco (+20,8%), Nebbiolo d'Alba (+8,8%), Chianti Classico (+24,4%), Chianti Docg (+46,2%), Etna (+10%), Bardolino (+48,5%) enquanto a versão Classico aumenta 54,1%, Barbera d'Alba (+23,5%), Barbera d'Asti (+7,7%). Únicas exceções a esta chuva de aumentos são dois tintos DOP, Valpolicella (-2%) e Barolo (-2,4%).
Infelizmente os produtores e distribuidores deverão repassar aos consumidores, nos próximos meses, ao menos parte destes aumentos, a questão é avaliar como o mercado reagirá.

sábado, 12 de maio de 2018

CULTURA DA ENO-GASTRONOMIA ITALIANA

Durante o mês de Maio o Istituto Italiano di Cultura do Rio de Janeiro está organizando uma série de aulas abertas, documentários e degustações para divulgar a cultura italiana através das estreitas relações entre enogastronomia, arte, história e cultura italiana.
No próximo Sabado dia 19 a partir das 10.00 na sede di Istituto no Centro (Av. Presidente Antonio Carlos, 40 - 4 andar - Centro) será organizada uma aula aberta, ministrada por mim e pela professora Mara Frangella, sobre a cultura do vinho: história, literatura, arte de degustação.
A aula aberta terá dois momentos:
  • Aula de história da cultura do vinho, em italiano, com a Prof.a Mara Frangella;
  • Historia da vinificação e sua evolução nos séculos, em português, ministrada por mim;
No final das aulas haverá uma degustação de vinho tinto italiano.
Entrada franca com inscrições somente pelo e-mail do Istituto: centro.iicirio@esteri.it
Espero todos lá.
ABS

sábado, 5 de maio de 2018

BORDEAUX 2017 - pontuações

Enquanto o mundo enológico aguarda a divulgação, por parte dos Chateau de Bordeuax, dos preços dos vinhos 2017, podemos já analisar os resultados das degustações da safra difícil de 2017, feitas por críticos enológicos e sommeliers de fama internacional.
Chateau Lafitte, que em 2016 foi cotado a 455 Euro a garrafa, recebeu pela safra 2017 críticas positivas alcançando entre 97 e 99 pontos da Wine Advocat e 97-98 James Suckling. Entre os grandes S. Emilion se destaca Ausone, cotado ano passado a 588 Euros a garrafa, e que este ano saiu ileso das geadas de primavera e foi muito bem recebido pela crítica (97 e 99 pontos da Wine Advocat e 96-97 James Suckling). Quem não entusiasmou muito foi o Haut-Brion que apesar de ter evitado as geadas de primavera sofreu bastante com as chuvas de Setembro, não ultrapassando 95-96 pontos James Suckling. Cheval Blanc, que sofreu bastante com as geadas de primavera que resultaram em uma perda de 35% das uvas, foi muito bem recebido por James Suckling (97-98) mas não cativou Wine Advocat (93-95).
Para compartilhar a primazia dos Bordeaux 2017 a Lafite, o inesgotável Mouton Rothschild que fica muito perto da perfeição segundo os principais críticos enológicos. Lafleur também encanta tanto que Wine Advocat o pontua entre 97 e 100. Chateau Margaux também merece destaque mesmo não alcançando o prestigio do Lafite e Mouton Rothschild.
De Pomerol cresce sempre mais, de ano em ano, a importância do Vieux Chateau Certan graças especialmente ao preço extremamente concorrencial (em 2016 cotado a 192 Euros a garrafa) enquanto o Petrus continua o seu lento declínio, apesar de continuar a verdadeira grife de Pomerol, mas não está no mesmo patamar dos Premiers Crus.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

HARMONIZAÇÃO COM VINHOS ESPUMANTES

Harmonizar, no mundo da enogastronomia, significa combinar os sabores dos alimentos com as características dos vinhos, buscando a melhor afinidade.
Para combinação dos alimentos devemos, primeiramente, levar em consideração as duas características principais dos espumantes: a efervescência e a acidez e, além destas duas características principais, nos espumantes também são importantes questões como a quantidade de álcool, a sua maciez ou seja sua percepção na boca e a doçura do vinho. Vale  apena sublinear que apesar de Brut um espumante, que na boca pode aparecer seco, pode ter até 12 g/l de açúcar e esta doçura é bem menos percebida pela ação do anidrido carbônico.
A estrutura é também muito importante para definir a harmonização dos espumantes com os alimentos: espumantes produzidos somente com uvas brancas (blanc de blancs) terão um corpo (estrutura) menor que não aqueles produzidos com uvas brancas e tintas (blanc de noires) e os produzidos com método clássico são mais estruturados que aqueles produzidos com o método Charmat (Martinotti).
A efervescência dos espumantes é ideal ara acompanhar pratos  do sabor tendencialmente doce, como os cereais, ricos em amido e, de consequência, arroz e massas, verduras e moluscos, mas também acompanham bem pratos gordurosos ou que levam molhos gordurosos. A acidez, também presente nos espumantes, reforça a ação da efervescência, contrastando perfeitamente as sensações gustativas gordurosas e doces dos alimentos.
Já o álcool será muito útil para contrastar as sensações de suculência, reação fisiológica que provoca salivação, induzida pelos alimentos ricos em proteínas ou por molhos muito gordurosos.