Continuamos nossa viagem pela Europa para descobrir um pouco mais sobre as denominações de origem dos vinhos da França.
Antes de nos aprofundar na história e nas características do sistema de qualidade dos vinhos em vigor na França vale a pena repetir e sublinear que os principais objetivos dos sistema de qualidade são de tutelar os consumidores e os produtores quanto ao nível de qualidade dos vinhos produzidos, enaltecendo os fortes vínculos territoriais de cada uva e definindo regras bem restritivas quanto a produção, comercialização e ao sistema de controles.
Os primeiros movimentos para constituição de um sistema de qualidade dos vinhos franceses tomaram força por volta de 1900 patrocinados por 79 viticultores de Chablis que, cansados dos métodos pouco ortodoxos utilizados pela maioria dos produtores franceses para aumentar os volumes dos vinhos de baixa qualidade produzidos após a terrível praga da filoxera que destruiu mais de 3/4 das videiras, criaram as primeiras associações de produtores para tutelar a qualidade dos próprios vinhos. Logo em seguida surgiram outras associações, como as dos produtores da região de Bordeaux, do Medoc e até 1912 foram definidas regras e leis para tutelar os consumidores e produtores, como a obrigatoriedade de comunicar os volumes produzidos de cada safra e dos estoques das safras anteriores e a proibição de acrescentar açúcar aos mostos.
Os princípios básicos do sistema de qualidade dos vinhos franceses se regem pelo sistema desenvolvido em 1923 pelo Barão de Le Roy, um imponente e importante produtor de Chatneauneuf-du-Pape, que adota regras muito rígidas e restritivas para a produção dos próprios vinhos, que incluem a definição da área geográfica, as variedades das uvas permitidas, as metodologias de cultivo e de poda e o grau alcoólico mínimo do vinho. O sistema de qualidade francês começa a ficar consistente por volta de 1930 com o nome de Appellation d'Origine Contrôlée (AOC), sistema esse que foi o mais imitado do mundo servindo de base para os outros sistemas de qualidade adotados na Europa e no resto do mundo como o AVA americano (American Viticultural Areas), o DOC italiano (Denominazione di Origine Controllata), a DO espanhola (Denominación de Origen) ou a DOC em Portugal (Denominação de Origem Controlada). Em 1935 é constituído o INAO (Institut Nacional des Appellation d'Origine) com objetivo específico de definir, estabelecer e reforçar os disciplinares de cada AOC, seguindo os princípios elaborados pelo Barão de Le Roy, disciplinares que, de qualquer jeito, são atualizados ao longo dos anos.
Os principais critérios que permitem que um vinho possa obter a denominação AOC são sete, mais exatamente:
- TERRITÓRIO: as áreas dos vinhedos são definidas de maneira exata através documentos históricos sobre a localização e sobre a utilização ao longo dos anos. Se avalia, também, o tipo de terreno, a posição e a altitude;
- UVAS: as uvas permitidas para produção em casa área são estabelecidas em conformidade a tradição histórica do local, e o rendimento em função do clima e do território;
- PRÁTICAS DE PLANTIO: definem o número máximo de videiras por hectare, as modalidades de poda e de uso dos fertilizantes;
- RENDIMENTO: cada AOC define a quantidade máxima de vinho que pode ser colhido e produzido para cada vinhedo, expresso em hectolitros (100 Kg.) por hectare;
- GRAU ALCOÓLICO: cada AOC estabelece o título alcoólico mínimo que o vinho deve ter;
- TÉCNICAS ENOLÓGICAS: cada AOC estabelece técnicas e procedimentos enológicos, de acordo as tradições da área, que permitam obter, os melhores resultados em termos de qualidade do vinho;
- CONTROLES: todos os AOC desde 1979 devem ser controlados e avaliados por uma comissão específica
AOC (Appellation d'Origine Cintrôlée): é o nível de qualidade mais alto e mais rigoroso. uma AOC pode incluir, também, várias sub áreas;
VDQS (Vin Délimitéde Qualité Superieure): inclui regiões similares as da AOC mas com restrições menores. É a categoria menos utilizada em todo o sistema de qualidade com somente o 2% de todos os vinhos produzidos na França.Os vinhos nesta categoria, normalmente, estão na espera de ser reconhecidos como AOC;
Vin de Pays: incluem regras parecidas as das precedentes categorias mas com menores restrições, por exemplo os vinhos nesta nível tem rendimentos maiores, níveis alcoólicos menores e são produzidos em áreas maiores que não os AOC
Vin de Table: é a categoria dos vinhos que, por varias razões, não tem os requisitos para pertecemcerem a um dos níveis anteriormente analisados.
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