Recentemente foram publicadas pela OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho) as primeiras estimativas sobre a produção de vinhos a nível mundial de 2021 e, infelizmente, os dados não são nada animadores.
2021 será uma safra com produção muito baixa, com volume estimado de 250 milhões de hl., 6% abaixo da média histórica de 265 milhões de hl. que não foi alcançada nos últimos 2 anos, deixando a produção dos últimos nos últimos 4 anos abaixo da média histórica. Porém, contrariamente a quanto aconteceu em 2019 e 2020, quando foram os países do "novo mundo" a impactarem mais sobre a diminuição da produção mundial, em 2021 foi a Europa que teve as maiores contrações em termos de vinho produzido. Itália, França e Espanha, que normalmente representam quase a metade da produção do vinho mundial (128 milhões de hl.), este ano amargam resultados fortemente negativos que resultam em um deficit de produção agregado de 14 milhões de hl.
Na Itália a OIV prevê uma produção de 44,5 milhões de hl., 9% a menos que 2020 e 3% abaixo da média histórica, na França a previsão da safra é de 34 milhões de hl., 27,5% abaixo da produção de 2020 e 22% abaixo da média histórica e, fato historicamente relevante, pela primeira vez atrás da Espanha por volume produzido, Espanha que apesar desta "façanha" não pode festejar pois os dados de produção estimados pela safra 2021 sinalizam um volume de 35 milhões de hl., 14% abaixo da produção registrada em 2020 e 6% abaixo da média histórica.
Quanto as estimativas das principais regiões italianas, todas amargam flexões significativas, menos a Sicilia (+9%) e a Campania (+5%), causadas principalmente por eventos atmosféricos adversos como as geadas na primavera, as secas no Sul da Itália unitamente ao aumento das temperaturas durante o último verão que se estendeu outono adentro. No detalhe: Toscana -25%, Lombardia -20%, Umbria e Abruzzo - 18%, Emilia Romagna, Sardegna e Molise -15%, Veneto -7%.
No versante dos preços a situação fica ainda mais tensa, pois, além da diminuição dos volumes produzidos estão sendo registrados aumentos consideráveis sobre todos os materiais utilizados na cadeia produtiva do setor, como papel (+6%), papelão (+35%), vidro (+15%), cortiça (+7%) além de dificuldade, por parte dos produtores mundiais, de fornecer os materiais em face a retomada da demanda após pandemia, que fez com que os prazos de entrega mais que dobrassem. Preparem-se porque virão aumentos por aí e, pelo visto, bem significativos.